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INTRODUÇÃO:

As discussões acerca da formação profissional em Educação Física sempre mereceram destaque e preocupação no âmbito acadêmico. No entanto, tais discussões ganharam maiores proporções especialmente nos últimos doze anos em função dos seguintes eventos: vigência da atual LDB (Lei 9.394/96); a instituição da Lei 9.696/98 (que dispõe sobre a regulamentação da profissão em Educação Física); e a instituição das Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de Educação Física por meio da Resolução CNE/CES n. 7/2004 (que foi muito polemizada até a sua aprovação em 2004). Em todas essas discussões, sempre ficou evidenciada a dicotomia licenciatura/bacharelado. Apesar de ter havido uma separação radical entre uma habilitação e outra a partir dos acontecimentos mencionados, percebemos que os optantes pela licenciatura almejam uma formação que seja voltada para o exercício profissional extra-escolar. Eles buscam diferentes estratégias para desenvolver e incrementar as competências necessárias para a atuação profissional neste campo de trabalho: participam de grupos de estudos, realizam cursos fora da faculdade, envolvem-se em estágios extra-curriculares, projetos de extensão e outras.) Nesse sentido, o estudo a ser apresentado procurou identificar e caracterizar os professores de Educação Física que atualmente trabalham nas academias de Muriaé-MG.


METODOLOGIA:

Na cidade de Muriaé existem 15 academias nas quais são oferecidas diferentes alternativas de atividade física para os seus usuários (musculação, ginástica, natação, dança, lutas, dentre outras opções). Num levantamento preliminar realizado no mês de fevereiro/2008, verificou-se que nestas academias haviam, no total, 32 professores de Educação Física formados atuando nesse ramo de atividade, além de vários estagiários que estão em processo de formação acadêmico-profissional na respectiva área. Entretanto, somente 15 professores disponibilizaram-se a participar deste estudo. O instrumento empregado na coleta de dados foi um questionário com perguntas mistas (do tipo aberta e fechada). A análise dos dados foi feita por meio de procedimentos quantitativos (estatística simples) e qualitativos (análise de conteúdo segundo Bardin, 1977). Juntamente com o questionário foi entregue um termo de consentimento livre e esclarecido acerca do conteúdo da pesquisa realizada, devidamente assinado pelos pesquisadores e, posteriormente, assinado e devolvido pelos sujeitos participantes deste estudo.


RESULTADOS:

A análise dos dados obtidos revelou os seguintes resultados: a maior parte dos professores possui, exclusivamente, habilitação na modalidade licenciatura (73%); uma pequena parcela de professores possui habilitação em ambas as modalidades (licenciatura e bacharelado - 4%). De um modo geral, a maioria destes professores (87%) considerou que a sua formação inicial proporcionou embasamentos teórico-práticos suficientes para o desempenho de suas atividades nas academias. Entretanto, 33% declarou que tal embasamento foi razoável (e aqui vale destacar também que este grupo de professores possui somente habilitação em licenciatura); apenas 13% admitiu que a formação não forneceu os embasamentos necessários para atuar em atividades relativas ao âmbito das academias (professores com habilitação exclusiva em licenciatura). Mais da metade dos professores (60%) realizaram cursos de especialização relacionados às atividades profissionais que desempenham nas academias. Constatou-se, também, que 60% dos professores participantes deste estudo mantêm vínculo de trabalho apenas com a academia; os demais (40%) possuem mais de um vínculo empregatício, sendo que o segundo vínculo é o trabalho que desempenham na escola como professores de educação física (Educação Básica).


CONCLUSÕES:

Os resultados revelaram que os professores habilitados, recentemente, em cursos de licenciatura em Educação Física, estão atuando em academias, embora os objetivos de um curso dessa natureza priorizem a formação do professor de educação física que vai intervir na Educação Básica, ou seja, no âmbito da educação formal. Entretanto, mesmo sendo egressos de um curso voltado para a formação de professores para atuar na Educação Básica, tais professores admitiram que, de alguma maneira, a sua formação ofereceu os subsídios necessários para trabalhar em academias. Contudo, estes mesmos professores buscaram cursos de especialização voltados para o campo das atividades físicas que são realizadas nas academias como forma de complementar e aprofundar os conhecimentos obtidos no período de sua graduação. Assim, esse estudo contribui para que seja refletida a formação profissional em educação física no sentido de elucidar a dicotomia licenciatura/bacharelado que se acirrou nos últimos anos. Além disso, os resultados desse trabalho vêm reforçar, oportunamente, a necessidade e a importância de se realizar de maneira sistemática e permanente um estudo de acompanhamento de egressos de cursos de graduação em Educação Física, especialmente aqueles que se habilitam na modalidade licenciatura.