Resumo

Partindo do pressuposto de que o processo de inclusão escolar é uma constante busca por disseminar práticas que sejam inclusivas, faz-se necessário estudar como se constitui a formação inicial de professores em prol desse processo. Para tanto, urge a estruturação de uma formação pautada na construção de um professor com caráter inclusivo e reflexivo como forma de reconstruir a sua própria prática pedagógica perante a realidade dos alunos com necessidades educacionais especiais (NEE). Nesse sentido, este estudo tem a intencionalidade de analisar como se estrutura a disciplina de Educação Especial nos cursos de Educação Física e de Pedagogia na Faculdade de Educação da Universidade Federal da Grande Dourados (FAED/UFGD). Tendo como cerne uma análise documental do Projeto Pedagógico de Curso (PPC) e como protagonistas os discentes que fizeram essa disciplina nos respectivos cursos. Trata-se de um estudo com natureza epistemológica fenomenológica (GAMBOA, 2008), com uma pesquisa com caráter descritivo (GIL, 2002) e com uso de pesquisa documental (CERLLARD, 2008). No tocante à coleta de dados, o questionário foi aplicado em três turmas: uma turma piloto e as duas turmas supracitadas com um total de dezessete questões, dentre elas treze questões fechadas com respostas SIM e NÃO, a catorze com opção obrigatória e optativa, duas questões de múltipla escolha e a dezessete aberta. Em relação à pesquisa documental, o levantamento da FAED/UFGD focou as matrizes curriculares dos cursos de Educação Física e de Pedagogia. Os resultados evidenciaram um processo de inclusão escolar no ensino superior com um avanço no sentido do entendimento da inclusão escolar bem como da perspectiva de contemplar os alunos com NEE no ensino regular. No entanto, algumas fragilidades no que se refere à materialização desse processo na prática, cuja intenção é promover uma práxis inclusiva no âmbito da prática pedagógica. Além disso, constata-se que os cursos analisados carecem de uma interdisciplinaridade em que a disciplina de Educação Especial assume o papel de mediadora do processo de inclusão escolar. Conclui-se que há uma confusão de discursos e práticas que sejam inclusivas no âmbito do ensino superior que, por sua vez, resulta em não concretizar culturas de inclusão para promover o processo de inclusão escolar dos alunos com NEE. Portanto, é preciso que seja repensado o papel de mediação da disciplina de Educação Especial como protagonista do processo de inclusão escolar e como cerne de um movimento que permita a inclusão de outras disciplinas nesse processo.

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