Resumo

A formação do profissional em Educação Física tem sido tema recorrente na literatura da área, mas ainda carece de estudos mais aprofundados. Análises sobre as dificuldades dos egressos nos primeiros passos de sua atuação é uma das questões que tem preocupado alguns professores-formadores, no sentido de auxiliar seus ex-alunos na transição da Universidade para a escola. Assim, tendo como objeto de estudo o curso de Educação Física da Universidade Estadual do Oeste do Paraná - Unioeste, esta pesquisa teve como meta analisar se a formação em licenciatura, oferecida por este curso, tem atendido às necessidades dos egressos para atuarem nas escolas de ensino fundamental e médio, a partir de uma análise de todos os Projetos Políticos Pedagógicos (PPP) do curso, e da coleta dos discursos dos próprios egressos formados nesta Instituição, entre os anos de 2000 a 2005, que estão atuando em escolas públicas e ou particulares que foram entrevistados individualmente. Este curso já formou centenas de profissionais dessa área de conhecimento durante vinte três anos de existência, os quais adentraram no mercado de trabalho, e implantou cinco Projetos Políticos Pedagógicos. Durante treze anos esta IES ofereceu apenas o curso de licenciatura, mas devido às mudanças advindas do mercado de trabalho, que passaram a exigir um novo perfil profissional, ou seja, a figura do bacharel, para atender às novas demandas da área não-escolar, e ainda devido ao atendimento da resolução 03/CNE/87, o curso passou a oferecer a partir do ano de 1997 o curso de bacharelado, que passou a funcionar concomitantemente com o de licenciatura. Por conta do grande número de alunos formados, somado às mudanças realizadas nas grades curriculares, surgiu-nos esta inquietação como docente dessa Instituição. A partir de uma abordagem qualitativa com enfoque descritivo de um estudo de caso da Unioeste, empregou-se a Técnica de análise documental de Marconi e Lakatos (1996) para análise dos PPP, e análise das entrevistas por meio do Discurso do Sujeito Coletivo, de Lefèvre e Lefèvre (2005). Os resultados obtidos nesta pesquisa declaram que o Projeto Político Pedagógico tem atendido parcialmente às expectativas do egresso licenciado em Educação Física, pois os egressos expressam que sua formação proporcionou-lhes uma base de conhecimentos, considerando o corpo docente capacitado, mas apontando uma desconexão entre a Universidade com a escola. São levantadas as dificuldades encontradas no início de suas atuações, em todos os níveis do Ensino Básico. Em relação ao perfil do egresso pretendido pelo curso e expressado no PPP (1997), pôde-se inferir que há uma carência de informações específicas sobre o direcionamento deste egresso para o contexto escolar. O que ficou evidenciado é que faltam pontos específicos, principalmente em relação ao conhecimento, tanto dos mecanismos de funcionamento de uma escola como dos processos de atendimento às crianças. Portanto, ao identificar o pensamento do egresso, que está atuando como professor de Educação Física em instituições escolares públicas e particulares, pressupõe-se haver uma desconexão entre a formação proposta no PPP (1997), em relação as necessidades deste egresso e a realidade escolar encontrada no seu universo de atuação. Nesta pesquisa não se tratou de culpabilizar a elaboração dos PPP, as grades curriculares, as leis e diretrizes que sustentavam o curso de Educação Física da Unioeste e muito menos, os professores e ou os alunos. O novo PPP (2006), já contempla estratégias que visam dar luz a alguns problemas levantados, no entanto, até 2009 o curso formará profissionais com base no PPP (1997). Sendo assim, parece ser imperativo dirigir um olhar mais atento para estes futuros professores, visando auxiliá-los em suas dificuldades, no momento de sua entrada na escola como professor de Educação Física, sugerindo a construção de estratégias que possam levá-los a conhecer a escola antes do estágio curricular.

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