Resumo

Nosso objetivo foi apresentar e discutir a resposta da freqüência cardíaca (FC) de modo a favorecer sua interpretação clínica, epidemiológica e para a prescrição do exercício. Em repouso, a FC é um indicador da condição autonômica do indivíduo, e que apesar de ser infl uenciada pela potência aeróbia máxima, não deve ser utilizada para sua determinação. A FC pode aumentar bastante em apenas poucos segundos de exercício em decorrência do refl exo de inibição vagal. Este tipo de situação é comum em esportes cujos movimentos podem ser súbitos e de curta duração, como o judô e o tênis, sendo possível utilizar esta informação para detecção de talentos esportivos. Durante o exercício prolongado, a FC tende a acompanhar o nível de intensidade do esforço, principalmente em exercícios de característica contínua. A FC máxima determinada por equações apresenta erros de estimativa expressivos e deve ser utilizada com certa parcimônia. Valores mais altos de FC máxima sugerem um prognóstico mais favorável em termos de risco de mortalidade. Uma rápida recuperação da FC pós-exercício, apesar de denotar baixo risco cardiovascular, não representa obrigatoriamente boa condição aeróbia. As evidências também sugerem que exercícios de fortalecimento muscular propiciam menor solicitação cardiovascular que os de característica predominantemente aeróbia. Concluindo, a utilização da FC como ferramenta diagnóstica, prognóstica ou mesmo para a prescrição do exercício deve ser baseada em evidências científicas, de modo a diminuir os riscos e equívocos de sua interpretação e, por outro lado, potencializar sua aplicação.

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