Resumo

Nos estudos do Lazer é frequente a referência à temática da Educação. Nos estudos clássicos brasileiros prevalecem teses da educação para o tempo livre e educação pelo tempo livre, manifestações da “disputa política em torno do que será feito do tempo livre da classe trabalhadora, predominando as posições que visam sempre determinar o caráter deste tempo” (PEIXOTO, 2007, p. 268). Diante do exposto, começamos discorrendo sobre os limites e possibilidades da educação visando a perspectiva da emancipação humana. Num segundo momento indicamos as características do lazer na contemporaneidade. Partimos de algumas reflexões sobre as formas da Educação (escolar sistematizada, escolar assistematizada, não escolar sistematizada e não escolar assistematizada). Na sequência, apresentamos um esboço com elementos para a constituição de uma pedagogia crítica do lazer, fundamentalmente, com base em aspectos da pedagogia histórico-crítica, mas com a colaboração de outras reflexões orientadas por expressões nos estudos do lazer na educação popular. Longe de reivindicar o fim da escola como muitos teóricos da Educação sugerem, ou a ascensão da “sociedade do lazer”, reivindicamos o pensamento de Dermeval Saviani no qual a escola é a instituição socializadora do conhecimento por excelência e reafirmamos a centralidade ontológica do trabalho “e não do Lazer”, coerente com os fundamentos do método Materialista Histórico-Dialético para interpretar o ser social sob o capital. Entendemos que a luta pela socialização da cultura, embora atravesse a defesa intransigente da educação escolar, não precisa (nem deve) prescindir da defesa e da colaboração de outras modalidades do fenômeno educacional (MORI e CURVELO 2016). Trabalhamos com a hipótese de uma pedagogia crítica do lazer, que se oriente pela perspectiva da emancipação humana, possua inúmeras possibilidades de articulação com uma educação escolar crítica. O resumo que ora apresentamos representa um desdobramento da dissertação sob o título Subjetividade e lazer: contribuições para uma análise crítica (OLIVEIRA, 2016). Nessa pesquisa constatamos a pouca ocorrência do tema, os limites dos estudos que abordaram tal relação e encontramos, na análise dos estudos do lazer vinculados à tradição marxista, a possibilidade de desenvolvimento do tema por pressupor a mútua determinação entre sujeito e objeto. Nesse caso, a subjetividade não corresponde a um dado natural, imediato ao indivíduo, mas é construída historicamente, atravessada pelas contradições de classe e representa elemento essencial na construção, na transformação, na apreensão e na interpretação cognitiva do real. Como importante elemento nas disputas entre capital e trabalho, reconhecemos no lazer um dos terrenos possíveis de construção de subjetividades alienadas e a possibilidade de questionamento dos limites da “liberdade” e “felicidade” prometidos pelo capital. No entanto, a refuncionalização do lazer no Brasil durante a década de 1990 opera como simulacro de emancipação do capital ao conferir nova vida às concepções subjetivistas, pela afirmação do prazer do indivíduo e de sua liberdade de escolha no mercado

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