Resumo

O presente trabalho trata-se de um estudo que busca analisar os processos de sociabilidade que acontecem em um grupo de convivência para idosos na cidade de João Neiva, no Espírito Santo (ES). Esse grupo, fundado em 25 de fevereiro de 1994, é denominado “Centro Associativo Renascer” (CEAR) e destina-se a oferecer atividades de lazer para pessoas idosas, tendo o bingo e o forró como suas principais atividades. Para isso, apropriamo-nos do conceito de sociabilidade desenvolvido pelo filósofo alemão Georg Simmel (1983), autor que compreende que a sociedade é formada por pessoas que visam interagir entre si, ou seja, “estar com o outro” – seja por meio das interações de conflito, competição ou cooperação – para satisfazer suas necessidades ou propósitos. Essas sociações, ou relações de sociabilidades, acontecem principalmente nos momentos de lazer, denotando a importância que os grupos de convivência para idosos têm para seus usuários, a exemplo do que acontece no CEAR. Além disso, apropriamo-nos do conceito de “pedaço” do antropólogo José Guilherme Cantor Magnani (2006), estendendo essa concepção ao CEAR, onde foi observado um forte sentimento de pertencimento que sustenta uma rede de sociabilidade entre os usuários que frequentam o local. Nossas análises têm como referência principal os dados produzidos por meio das entrevistas realizadas com os usuários do CEAR, utilizando-se também, de forma complementar, dos dados produzidos durante as observações, bem como dos registros feitos no diário de campo. A partir destas análises foram elaboradas duas categorias: a) o “pedaço” do CEAR e, b) a dinâmica das práticas: sociabilidades, tensões e códigos de conduta. Na primeira categoria, pudemos constatar que, atualmente, o CEAR configura-se como um espaço predominantemente feminino. Além disso, a instituição passa por problemas financeiros, o que, de acordo com seus usuários, contribuiu para o afastamento de alguns membros. Ademais, outro problema é que, proporcionalmente, a quantidade de pessoas que frequenta o local, quando comparado à quantidade de idosos residentes no município, é baixa. Em relação a segunda categoria, apesar das dificuldades vivenciadas, o CEAR vem desenvolvendo suas atividades e as trocas de experiências que acontecem durante as dinâmicas das atividades – disputas entre grupos, tensões e pequenos conflitos – contribuíram imensuravelmente para o desenvolvimento do nosso trabalho.

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