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O processo da aprendizagem

Sabemos que a aprendizagem se dá em interação com meio e que é de extrema importância os estímulos do mesmo. Com isso podemos observar a função do educador no que tange a facilitação no processo de ensino. A aprendizagem segundo a neurociência ocorre quando o indivíduo consegue formar as chamadas sinapses (fenômeno neurológico, onde ocorre a passagem do potencial de ação do neurônio pré para o pós - sináptico), pois, memorizamos separadamente diversas experiências que quando associadas darão significado as coisas, ocorrendo a aprendizagem.

Podemos observar o quanto às associações são necessárias no processo de aprendizagem, no livro de Paulo Freire, "Pedagogia do oprimido", onde o autor descreve a importância de ensinar mediante aquilo que está no contexto sócio-cultural do indivíduo, pois, como podemos falar da Uva, se nunca viram a Uva na seca do Nordeste, seria válido e de fácil compreensão ensinar sobre a enxada, a terra, em sumo, aquilo que está no cotidiano.

Ainda podemos citar a Teoria Histórica Cultural de Vygotsky, junto com Leontiev e Luria, onde, "as origens das formas superiores de comportamento consciente - pensamento, memória atenção voluntária, etc - formas essas que diferenciam o homem dos outros animais, devem ser achadas nas relações sociais que o homem mantém". Furtado Odair - Psicologias; uma introdução ao estudo da psicologia - pág.107. Porém devemos ressaltar que o homem não é sujeito passivo nessa relação a todo o momento ele está modificando o meio e conseqüentemente a si mesmo, estando em constantes rupturas, desequilíbrio e desenvolvimento.

No sistema de ensino e aprendizagem Vygotsky e cia descrevem a importância da ZDP (zona de desenvolvimento proximal), que nada mais é que à distância entre o que o indivíduo consegue fazer com ajuda do outro (nível de desenvolvimento potencial), até o que consegue fazer sozinho, o que está efetivado no indivíduo (nível de desenvolvimento real), essa teoria é de grande aceitação no âmbito escolar, pois, partindo deste princípio os alunos trabalham em grupos se ajudando mutuamente, com o professor interagindo com os mesmos, não como detentor do saber, mas sim como facilitador na aprendizagem como veremos a seguir.

Fatores que dificultam o processo ensino - aprendizagem.

Alguns fatores podem agir de forma negativa mediante ao processo de ensino-aprendizagem. De quem é a responsabilidade? A quem compete aprender e ensinar? Veremos que tanto aluno como professor são peças-chave e indispensáveis para que esse processo ocorra; porém o que temos presenciado em nossas instituições educacionais, são alunos insatisfeitos e professores frustrados com a atual forma de relacionamento entre ambos.

Em uma de suas citações Paulo Freire no livro pedagogia da autonomia - pág. 22; diz que: "ensinar não é transmitir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua produção ou a sua construção". Desse modo podemos sub entender que o aluno assim como o professor tem igual parcela de "responsabilidade" em contribuir para que haja de forma harmônica e instigante a tão esperada e necessária alegria de ensinar e aprender, porém infelizmente isso não tem ocorrido, justamente pela não percepção do professor em se adequar às necessidades de seus alunos, visando atender toda a demanda, visto que em uma única sala de aula encontraremos diversidades não só de pensamentos, mas também no que diz respeito a fatores sócio-culturais bem como a esfera cognitiva, exigindo assim do professor habilidades tais que de algum modo consiga estimular seus alunos a participarem do processo ensino-aprendizagem, visto que sem os mesmos não há como acontecer esse processo; daí a necessidade de dar a esses alunos significado para aquilo que estarão sendo submetidos a fazer, proporcionando assim, prazer no que esta sendo produzido gerando o desprendimento para uma busca sincera aonde ir a escola seja encarado tanto por professor quanto aluno como um momento de satisfação mutua, onde não haja por parte do aluno o desinteresse, a falta de motivação, o déficit de atenção, tudo isso por uma conduta errônea do professor, mas que verdadeiramente o aluno possa ver em seu professor algo novo a cada dia, buscando realmente ser esse tão sonhado facilitador e não a idéia que ainda se perpetua de que o professor é o dono do saber e o que ele disser é aquilo que tem que ser, sem que o aluno tenha noção sequer do significado de tal conhecimento a ele imposto e não proposto como deve ser. É necessário que a aprendizagem se dê de forma natural, significativa e conjunta mediante a importante atuação do professor junto ao aluno na busca da produção e construção do saber, onde as trocas de experiência possam ser constantes fazendo assim com que os alunos sintam se importantes e úteis dentro das instituições de ensino.

Para tanto iremos apresentar algumas propostas e soluções para que haja eficácia no processo de ensino aprendizagem.
Métodos pedagógicos e suas interferências

No processo ensino-aprendizagem utilizamos alguns artifícios dos quais favorecem ou não para que o mesmo ocorra, dentre esses artifícios citamos os métodos pedagógicos que são de extrema eficácia quando utilizados da forma e no momento adequados vestem a diversidade de cultura e conhecimento dos nossos alunos, além de diferenças na performance da aprendizagem, ou seja, sendo o professor sensível a essa percepção será mais fácil corrigir e/ou adequar melhor nossas estratégias de ensino.

Como exemplos de métodos pedagógicos citamos alguns abaixo:

Aula expositiva

É a técnica mais tradicional de ensino, que pode ser aplicada de duas formas:

A mensagem transmitida não pode ser contestada, devendo ser aceita sem discussões e com obrigação de repeti-las.
Sendo a mensagem um simples pretexto para desencadear a participação dos alunos, podendo haver contestação, pesquisa e discussão, sempre que oportuno e necessário.

Estudo dirigido

Nesse método o professor ajuda seu aluno a aprender. Essa técnica consiste na solicitação de uma tarefa ao aluno mediante o fornecimento de instruções de como realiza-las, servindo de base para o desenvolvimento do aluno.

Técnica de perguntas e respostas

Tanto o método da aula expositiva quanto o estudo dirigido pode ser enriquecido com o método de técnica de perguntas e respostas. Essa técnica consiste em o professor dirigir perguntas aos alunos sobre o tema proposto, porém, não com o objetivo de julgar ou obter notas, mas sim a estimular a participação de todos.

Trabalho em grupo

Este método oferece ao aluno a oportunidade de estabelecer troca de idéias e opiniões, desenvolvendo capacidades inter e intrapessoais que facilitam no relacionamento com o próximo desenvolvendo a socialização, a cooperação e conseqüentemente o desenvolvimento do aluno de uma holística.

Tempestade de idéias

Este método consiste em fazer com que os alunos se interajam e apresente várias idéias e conclusões sobre o tema abordado a fim de estimular a produção de conhecimentos, a visão crítica e autônoma de forma a facilitar o desenvolvimento do aluno.
Informática

Esse método é muito criticado pelos adeptos do humanismo pelo fato de não haver interação com o próximo, mas sim com uma máquina, diminuindo os laços afetivos e sociais . Além do que esse método favorece a dispersão mediante a resolução das tarefas, visto que em muitos casos os alunos têm a possibilidade de não faze-las devido à falta de estímulo e liberdade que lhe é concedida, ainda dentro desse aspecto o uso da informática poderia ser um instrumento complementar aos métodos citados acima e não o substituto deles como tem ocorrido.

Podemos observar que os métodos de ensino aprendizagem exercem uma função fundamental no desenvolvimento dos alunos facilitando ou inibindo a aprendizagem. Temos então que tomar muito cuidado com os métodos utilizados em aula, visto que se complementam, sempre respeitando as dificuldades preferências e canais de aprendizagem dos alunos.

Propostas e soluções para eficácia do ensino - aprendizagem

Em busca de um melhor desempenho no ensino - aprendizagem, é de fundamental importância à didática empregada pelo professor. Vimos à didática como: a técnica de estimular, dirigir e encaminhar, no decurso da aprendizagem, a formação do homem, sendo necessária a anamnese do aluno para sabermos em que contexto sócio - cultural vivem, para que possamos atender as necessidades e objetivos dos mesmos.

É importante respeitarmos as diferenças de gênero, classe social e até mesma facilidade de aprendizagem, pois, sabemos que cada aluno aprende no seu ritmo e no seu estilo que chamaremos de "Esfera cognitiva", que na PNL (programação neuro - lingüística) "é o estilo representacional preferencial de uma pessoa permitindo o educador apresentar o canal (visual, auditivo, sinestésico), que a pessoa usa mais, e assim, ela absorverá a informação com mais facilidade" Mancilha Jairo. Então devemos nos preocupar quando elaborarmos o plano de aula, para atender os três estilos de aprendizagem com isso facilitando a todos durante as aulas. É válido ressaltar que o educador aqui é visto como intermediador dotado de percepção tendo que aceitar a sua ignorância, pois, quando o aluno não entende o que está sendo transmitido o educador terá que mudar a forma de expor o conteúdo para acessar a esfera cognitiva do mesmo, ocorrendo à aprendizagem. Porém, quando nos preocupamos com a formação como um todo, não podemos nos esquecer dos valores que segundo Claudino Pilleti, no livro Didática geral - pág.13 define valores como "a preferência por algo", e complementa ainda dizendo que, "um valor está associado, portanto, a significados que conferimos as coisas ou a situações que fora de um contexto bem definido e localizado, podem não representar muito".

O professor dotado de sensibilidade irá observar seus alunos a fim de verificar se estão realmente imbuídos à participarem e aprender, através do comportamento onde, segundo Pierre Weil, o ser humano é como uma esfinge egípcia formada de corpo de boi, tórax de leão e asas da águia. No ser humano podemos observar o boi através do abdome (vida instintiva e vegetativa), o leão é representado através do tórax (vida emocional), a águia é representada na cabeça (vida mental = intelectual e espiritual), o homem então é visto como consciência e domínio dos três inconscientes anteriores; com isso, podemos observar, que através de simples gestos, e movimentos destas três partes quanto ao envolvimento do aluno mediante ao que está sendo abordado. Quando em uma postura anteriorizada de uma dessas três partes, podemos afirmar que está havendo uma afirmação quanto às qualidades descritas anteriormente e quando ocorrer de forma contrária (tórax e cabeça), o aluno mostra-se desinteressado.

Em fim, a essência da aprendizagem se dá quando ocorre a alegria de ensinar e o prazer de aprender, tendo em vista que tanto o aluno quanto o professor devem estar verdadeiramente comprometidos com esse processo mágico que é a obtenção do saber.
Podemos concluir que é de fundamental importância a função de educador, pois, como disse Rubem Alves em seu livro Alegria de Ensinar; "Ensinar é um exercício de imortalidade. De alguma forma continuamos a viver naqueles cujos olhos aprenderam a ver o mundo pela magia da nossa palavra. O professor, assim, não morre jamais".

Obs. Os autores, Alex de Oliveira Silva (alexoliveira_ox@ig.com.br) e Célio de Almeida Garcia Junior (cega_educ@yahoo.com.br) são alunos da UNIVERSO

Referências bibliográficas:

  • Alves, Rubem, A Alegria de Ensinar. Editora Papirus, 8o Edição, São Paulo 2004.
  • Bock, Ana Meces Bahia, Furtado Odair, Texeira Maria de Lourdes Trassi, Editora Saraiva 13o Edição, São Paulo 1999.
  • Freire, Paulo Pedagogia da Autonomia. Editora Paz e Terra 31o Edição, São Paulo 2005.
  • Weil Pierre, TOMPAKOW Roland. O corpo Fala. Editoras Vozes 58o Edição, Petrópolis 2004.
  • Piletti Claudino Didática. Geral Editora Ática 32o edição, Campinas 1999.
  • Mancilha Jairo. PNL Aplicada ao ensino e á aprendizagem, Instituto de Neurolingüística Aplicada