Resumo

O objetivo dessa tese é investigar a história do lazer na natureza. Mais especificamente, pretende-se identificar o período no qual se inicia o processo de formação do hábito de visitar à natureza com finalidades de divertimento, dentro de um espaço social concebido já como relativamente bem demarcado dos momentos de trabalho. Com esse intuito, o estudo esteve circunscrito geograficamente à cidade do Rio de Janeiro e a um período compreendido entre os anos de 1779 e 1838. Nessa época, surgiam na cidade novos modelos de organização dos divertimentos, entre os quais inovadoras atividades de lazer na natureza, tais como passeios, excursões, piqueniques ou fins de semana em casas de campo, que pouco a pouco passavam a configurar entre os hábitos de parte da população carioca. É esse o período também em que se registram iniciativas como a construção do Passeio Público ou o início de excursões às cercanias da Tijuca, ao Corcovado, ao Pão de Açúcar, às ilhas da baía de Guanabara ou a fazendas na Serra dos Órgãos. Cada um desses lugares ou atividades destinava-se, em última instância, a promoção de novos padrões de sociabilidade, afeitos às noções de modernidade e civilidade. A hipótese, portanto, é que o início da formação histórica do lazer na natureza, visto como fenômeno que se processa de maneira gradual, paulatina e cumulativa, remonta aos fins do século XVIII. Como recurso para reconstituição de todo esse processo, a chamada "literatura de viagem" foi a principal fonte utilizada. A ela somam-se imagens de artistas do período, e bem mais ocasionalmente obras literárias e decretos.

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