Resumo

Este estudo analisou o efeito da idade relativa (EIR) sobre características antropométricas e desempenho motor de jovens jogadores de futebol. Para tanto, foram conduzidos dois estudos. No estudo 1 a amostra foi composta de 400 jogadores de futebol (15,4 ± 0,4 anos) da categoria Sub-15 que participaram da 10° Copa Brasil de Futebol Sub-15. As datas de nascimento, bem como as medidas antropométricas massa corporal (MC), estatura (ET), foram obtidas a partir de dados relatados pelas equipes na ficha de inscrição de cada atleta à organização do evento e a CBF. No estudo 2 a amostra foi composta de 146 jogadores de futebol das categorias Sub-13 (n = 50; 13,6 ± 0,3 anos), Sub-15 (n = 50; 15,5 ± 0,4 anos) e Sub-17 (n = 46; 17,7 ± 0,3 anos). Os sujeitos foram submetidos a diferentes situações experimentais de forma transversal: 1) mensurações antropométricas MC, ET, massa magra (MM) e gordura relativa (%G); 2) avaliação da idade óssea (IO); 3) testes motores para avaliação da resistência aeróbia (RA), velocidade (VL10m e VL30m), força de membros inferiores a partir de salto vertical (SV, SVCSMS e SVCCMS), resistência de velocidade (RSA) e índice de fadiga obtido a partir do teste de RSA (IFRSA). Em ambos os estudos os jogadores foram separados de acordo com a categorização de idade cronológica por quadrimestres, 1˚ quadrimestre (1˚ QDT), jovens nascidos entre janeiro e abril; 2˚ quadrimestre (2˚ QDT), jovens nascidos entre maio e agosto e 3˚ quadrimestre (3˚ QDT), jovens nascidos entre setembro e dezembro. Para o tratamento estatístico foram empregados teste não paramétrico do qui-quadrado (X2), análise de variância (ANOVA) two-way, seguido pelo teste Post-hoc de Scheffé. As correlações entre os parâmetros analisados foram estabelecidas pelo coeficiente de correlação de Pearson. O nível de significância adotado para todas as análises foi de 5%. Os resultados do primeiro estudo demonstram um maior número jogadores nascidos nos primeiros meses do ano (1˚ QDT > 2˚ QDT > 3º QDT, P<0,05). Da mesma forma, constatou-se valores significativamente maiores para as variáveis ET e MC dos jogadores nascidos nos primeiros meses do ano (1˚ QDT > 2˚ QDT > 3º QDT, P<0,05). No segundo estudo observou-se que as variáveis MC, ET e RSA apresentaram diferenças significativas entre o 1˚ QDT e 3˚ QDT, nas categorias Sub-13 e Sub-15 (P<0,05). Enquanto que para a variável MM diferenças significativas foram observadas apenas entre 1˚ QDT e 3˚ QDT da categoria Sub-13 (P<0,05). Por outro lado, nenhuma diferença significativa para a variáveis %G, SV, SVCSMS, SVCCMS, RA, VL10 m, VL30 m e IFRSA entre o 1˚ QDT, 2˚ QDT e 3˚ QDT foram observadas em todas as categoria analisadas (P>0,05). Ressalta-se que os valores das variáveis MC, ET, MM, SV, SVCSMS, SVCCMS, RA, RSA, VL10 m, VL30 m, foram significativamente diferentes entre os jogadores da categoria Sub-13 e Sub-17 nos diferentes quadrimestres (P<0,05). Constatou-se também que os jogadores da categoria Sub-13 apresentaram menores valores de estatura, massa corporal e massa magra, em relação aos jogadores da categoria Sub-15 e Sub-17 nos diferentes quadrimestres (P<0,05). Observou-se nas três categorias analisadas, a prevalência de jogadores apresentando estado de maturidade normal nos três quadrimestres (Sub-13 = 72,0%; Sub-15 = 78,0%; Sub-17 = 95,0%). Os achados do primeiro estudo sugerem que o ERI exerce influência na seleção de jovens jogadores brasileiros de elite e que este efeito está associado as características antropométricas estatura e massa corporal. Corroborando com esses achados, os resultados do segundo estudo apontam para influência do ERI nas categorias Sub-13 e Sub-15 para as variáveis massa corporal, estatura e resistência de velocidade, enquanto que para a variável massa muscular isso ocorreu apenas na categoria Sub-13, possibilitando aos jogadores nascidos no 1˚ QDT (Jan-Abr) dessas categorias vantagens em relação aos nascidos no 3˚ QDT (Set-Dez).

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