Resumo

O principal propósito deste trabalho científico é a investigação do conhecimento, sua interpretação e análise, de modo dialético e participativo, das ideologias que norteiam a prática político-pedagógica dos professores de Educação Física das escolas municipais de Aracajú. Essa busca tem a intenção de contribuir com o processo de mudança da Educação Física nessas escolas, provocando a relação da ideologia dos professores envolvidos na pesquisa frente à sociedade e frente à realidade de sua área de atuação. A origem e o significado das ideologias político-pedagógicas dos professores foi manifestado através do uso do método dialético, como sendo o mais adequado para trabalhar cienti- ideológicas e as possíveis direções em que a escola e a educação caminham pelo universo social. A metodologia caracteriza o estudo como sendo qualitativo, segundo o enfoque crítico-participativo e com visão histórico-dialética. A pesquisa realizou-se nas escolas próprias do município de Aracajú e participaram da mesma professores de Educação Física desta rede de ensino, bem como alunos, professores de outras áreas, membros da equipe técnica e diretores de escola. Outro objetivo da pesquisa era conhecer as concepções que os demais profissionais da educação e alunos têm a respeito da Educação Física, analisando as implicações destas visões para a escola e a sociedade. A sustentação teórica do trabalho concentrou-se nos três campos de abordagem da pesquisa: ideologia, relação ideologia-educação e relação ideologia-Educação Física, contribuindo para a elaboração da análise e interpretação dos dados, realizada através do confronto dialético dos resultados obtidos nas entrevistas e observação, principais procedimentos metodológicos da pesquisa, frente ao quadro teórico formulado. Diante das três principais categorias de análise das tendências ideológicas manifestadas - concepção de sociedade, história e educação, constatou-se que os professores de Educação Física, em sua maioria, não possuem consciência ideológica; que sua ideologia reproduz cegamente a sociedade capitalista através de sua atuação político-pedagógica de caráter alienado; que na visão desses professores na história social e do homem nada muda e essa construção histórica não sofre influência de sua prática educacional e social e que o professor de Educação Física se caracteriza como um intelectual adaptado frente à sua profissão e papel que vem cumprindo na escola e na sociedade. Com base no referencial teórico proposto, as causas de tais conclusões se encontram no próprio modo de produção capitalista, onde a escola brasileira está inserida, assumindo o papel de reproduzir a ideologia dominante. A classe burguesa, detentora do poder, através do consentimento, enquanto intervenção ideológica, desfavorece todas as condições materiais, salariais e concretas para que a escola avance no sentido da transformação social. A síntese desses pressupostos para a área de conhecimento específico da Educação Física, traduz-se na utilização do esporte, do movimento humano e do corpo dos alunos no sentido da reprodução ideológica dos valores culturais burgueses. A concepção reduzida de que Educação Física é sinônimo de esporte competitivo ou de recreação, é a visão hegemônica manifestada pelos demais profissionais da educação e pelos alunos das escolas públicas. Tal concepção contribui para o esvaziamento da Educação Física enquanto programa curricular importante para a formação crítica dos alunos. A mudança desse "status quo" depende de inúmeros fatores conjunturais. O despertar da alienação à consciência, possível, pois apesar de a ideologia dominante ser hegemônica, mas de modo algum unânime, acontecerá na direção das mudanças sociais e históricas com base na revisão teórica do campo de conhecimento da Educação Física, onde de mera técnica acessória, se revela em campo de conhecimento de conteúdos significativos e próprios. Faz-se necessária a revisão dos currículos das escolas superiores de Educação Física, cujos ensinamentos são reproduzidos acríticamente nas escolas de 1º e 2º graus, que o governo assuma e seja política e partidariamente pressionado para assumir seu compromisso com a educação pública e gratuita de qualidade, promovendo as reais condições materiais, salariais e concretas de trabalho; que o professor atualize a rotina pedagógica da Educação Física, propondo novos currículos escolares; que assuma o seu débito social com a classe trabalhadora que lhe permitiu o acesso à Universidade e que não se resigne à falsa cidadania que exerce e forma em seus alunos, procurando assumir instâncias políticas, partidárias e pedagógicas no sentido da construção de um tempo e um mundo dignificantes para todos os homens, conquistando espaços de confronto e luta emancipatória.

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