Editora CEBRAP. Brasil 2018. 48 páginas.

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APRESENTAÇÃO

Este documento apresenta os resultados da análise da Pesquisa de Impacto do Uso da Bicicleta na Cidade de São Paulo 2017. O estudo foi realizado pelo Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (CEBRAP), com patrocínio do Banco Itaú Unibanco.

Os estudos sobre impactos do uso da bicicleta no mundo tratam dos reflexos do modal em diferentes áreas, como mobilidade urbana, economia, comércio local, meio ambiente, renda domiciliar e saúde. No Brasil, são raros os estudos com esse tema. Por isso, a presente pesquisa buscou dar conta da diversidade de impactos possíveis do uso da bicicleta na cidade de São Paulo.

Para tanto, o estudo buscou estimar os impactos em duas dimensões. Uma delas é a individual, ou seja, a dos impactos nas condições de vida dos indivíduos, em sua saúde, seu bem-estar na cidade e em seus gastos. A outra é a dimensão social, ou seja, a dos impactos nas dinâmicas sociais macro, como no meio ambiente, no sistema de saúde e na economia (produção de riqueza da sociedade).

A partir de um conjunto de entrevistas domiciliares realizadas em 2017 com amostras de dois grupos no município de SP (população geral x usuários de bicicletas), foi possível comparar indicadores de condições de vida e aferir impactos individuais e sociais do uso de bicicleta, combinando estimativas populacionais, gastos públicos e modelagens econômicas.

No tema da saúde, comparamos os perfis de atividade física dos ciclistas e da população geral. A incorporação do perfil de atividade dos ciclistas pela população resultaria em uma economia de R$ 34 milhões por ano no Sistema Único de Saúde (SUS) com internações por doenças do aparelho circulatório e diabetes no município de SP.

No meio ambiente, a análise da relação de ciclistas e da população geral com a cidade mostra que as sensações de bem-estar no deslocamento, como prazer, relaxamento e satisfação, são vividas pelos ciclistas numa proporção que é o dobro daquela verificada na população geral de SP.

Em relação à emissão de CO2 nos deslocamentos dos habitantes da cidade de SP, atualmente, em razão da troca de outros modais pela bicicleta, os ciclistas são responsáveis por uma diminuição de 3% do CO2 emitido pelos transportes na cidade. Em termos de projeções de impacto, estimamos que as emissões de CO2 poderiam ser reduzidas em até 18% se fosse atingido o potencial ciclável, que é apenas parte dos deslocamentos na cidade.

Na economia, com base nas informações detalhadas de gastos mensais dos indivíduos, calculamos o peso do item transporte na renda mensal. Estimamos, então, quanto os indivíduos poderiam economizar caso utilizassem a bicicleta nas viagens pedaláveis em dias úteis. Verificamos que haveria importante redução de gastos se fosse utilizada a bicicleta em seus deslocamentos. O impacto seria maior nas classes mais baixas, com economia de 14% na renda mensal (R$ 214, em média).

Projetamos também o potencial aumento do PIB municipal levando em consideração o ganho de tempo no deslocamento. Se o potencial ciclável das viagens realizadas de automóvel e ônibus em SP fosse aproveitado, haveria um acréscimo de aproximadamente R$ 870 milhões no PIB municipal por ano.

As projeções realizadas na pesquisa estão longe de esgotar as possibilidades de impacto do uso da bicicleta na cidade de São Paulo. O impacto é bem maior. Novas pesquisas podem ajudar a mensurá-lo. Seriam necessários outras informações e outros modelos de cálculo para as múltiplas possibilidades de projeção. Na economia, por exemplo, poderia ser mensurado o impacto da bicicleta na atividade econômica (indústria, comércio e serviços). Em relação ao ambiente, é possível explorar questões como o espaço economizado nas vias públicas com o 4 maior uso de bicicleta ou mesmo a redução na emissão de outros poluentes além do CO2 . Na saúde, gastos com internação por doenças além das já mencionadas ou gastos com medicamentos são outras formas de calcular o impacto do uso da bicicleta.

Há, portanto, uma ampla agenda de pesquisa aberta para dimensionar os impactos do uso da bicicleta nas cidades e na vida dos indivíduos.

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