Resumo

A realização de exercícios físicos acarreta uma série de respostas fisiológicas, principalmente no sistema cardiovascular e respiratório. Os exercícios aeróbios são considerados uma excelente estratégia de treinamento para a melhora da aptidão cardiorrespiratória e programas de emagrecimento. Entretanto, há carência de estudos que tenham se cercado de cuidados metodológicos rigorosos, para estudar as relações entre FCR, FCmáx, VO2máx e VO2R em diferentes protocolos de treinamento submáximos, de modo que houvesse uma prescrição segura e eficaz. O objetivo deste estudo foi investigar as relações entre o %FC e o %VO2 estimados e medidos, durante sessões isocalóricas (250kcal) de exercício aeróbio realizadas com diferentes intensidades (45% e 65% VO2R) submáximas em cicloergômetro e, investigar a precisão da equação de estimativa do gasto energético para estas mesmas intensidades. Participaram do estudo 10 militares do sexo masculino, fisicamente ativos e aparentemente saudáveis (idade 24,2 ± 3,0 anos; IMC 23,7± 2,0). A taxa metabólica de repouso (TMR) e a frequência cardíaca (FC) foram aferidas por 30 minutos (TMR: 2,2 ± 0,4 ml.kg-1. min-1 ;FC: 55,1 ± 8,3 bpm). O teste de esforço cardiopulmonar máximo foi do tipo Bruce (VO2máx: 52,8±7 ml.kg.min; FCmáx: 189,7±0,1 bpm). Com base nos valores de repouso e máximos aferidos diretamente, foram estimadas com base nas equações do %VO2R e %FCR, os valores estimados de FCR, VO2R, VO2máx e da Carga (W) para cada intensidade de treinamento. Em média foram gastos 26,7 ± 2,9 minutos para a obtenção das 250 kcal na intensidade de 45% VO2R e 21,2 ± 2,3 minutos para a intensidade de 65% VO2R. Possíveis diferenças obtidas a cada 25 kcal foram testadas por ANOVA de dupla entrada para medidas repetidas seguida do teste post-hoc de Bonferroni. Para comparar o tempo estimado e real para se atingir o gasto calórico de 250 kcal foi utilizada a análise gráfica de Bland Altman, incluindo os limites de concordância de 95%. O teste t de student foi utilizado para comparar os valores médios entre o tempo real e tempo estimado. Em todos os casos, um nível de significância de P≤0,05 foi adotado para significância estatística. Foi verificada uma superestimação do tempo predito em relação ao tempo real observado para a menor intensidade (45%), com diferença significativa entre os tempos (p=0,001). Não houve diferença significativa quanto aos valores preditos e reais do VO2 para a menor intensidade, diferentemente da intensidade de 65%. Quanto a FC, houve uma subestimação da equação de predição do %FCR quanto aos valores reais obtidos. Para ambas as intensidades houve uma melhor relação entre %FCR vs %VO2max. A intensidade de 45% foi melhor para o estabelecimento das relações. Os resultados encontrados sugerem uma melhor relação entre os %FCR e %VO2máx, diferentemente da relação de 1:1 sugerida pelo ACSM. Quanto ao gasto energético, verificou se que quanto maior a intensidade do exercício, mais precisa será a equação de estimativa do tempo. Estudos adicionais devem ser realizados para que sejam fornecidas informações adicionais quanto à precisão das equações, de modo a contribuir para uma prescrição ótima do exercício aeróbio principalmente em populações sedentárias, como é o caso de indivíduos com sobrepeso ou obesidade, os quais normalmente executam rotinas de treinamento com menores intensidades.

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