Editora Prismas. Brasil 2017. 352 páginas.

Sobre

Oito de julho de 2014. Com apenas 30 minutos de jogo a Alemanha vencia por 5 a 0 a partida semifinal contra o Brasil. Toda a construção da representação de um futebol diferenciado, baseado no drible, ofensividade e improviso do jogador brasileiro, denominado futebol-arte, levou seu mais duro golpe. O tema central deste livro é mostrar como essa ideia de "sermos o país do futebol" e possuirmos um estilo único de praticar este esporte surgiu e passou por ajustes e mudanças até a Copa de 2014. No contexto da formação de uma nova identidade nacional nos anos 1930 o futebol ganhou um papel decisivo e a Copa de 1938 fez o país parar para acompanhar pelo rádio o time de Leônidas e Domingos da Guia. Nascia, além da tradição nacional de vibrar por onze jogadores em uma Copa, um estilo que nos diferenciava dos demais países, marcando uma ¿originalidade brasileira¿. Mesmo na ¿tragédia nacional¿ de 1950 exaltou-se o nosso estilo, que oito anos depois foi coroado com a conquista da Copa do Mundo, tendo Garrincha e Pelé como os símbolos de ¿nossa essência¿. Em 1970 o futebol-arte se consolidou, não só no Brasil, mas no mundo, demarcando que a maneira de jogar daquela seleção era a nossa identidade. Derrotas como a de 1982 foram menos sofridas na narrativa da imprensa por conta de seguirmos o estilo nacional? O time moderno e competitivo de 1990 e 2010 foi renegado pela imprensa por não seguir nossas características? E o título de 1994, foi menos brasileiro por se basear no empenho tático, quase europeu, dos jogadores? Em 2002 tivemos modernidade e brasilidade na família Scolari? Por que o suposto estilo alegre e ofensivo do atacante Bernard não descadeirou os alemães naquela fatídica semifinal de 2014? Até que ponto ¿sermos reféns¿ de um estilo que só pode ser praticado quando temos jogadores excepcionais prejudica o nosso futebol? Quais os mecanismos utilizados pela imprensa para consolidar, reafirmar e ajustar essa representação de nossa essência futebolística? Respostas para estes questionamentos são o norte desta publicação. O livro propõe reflexões importantes tanto para jornalistas esportivos como para pesquisadores e entusiastas do esporte e da seleção nacional. Será que realmente somos os melhores do mundo nesse esporte?