Resumo

Os amigos morrem sempre muito cedo, antes do tempo. Mas a partida do Prof. Doutor Antônio Carlos Stringhini Guimarães, do muito querido e fraterno Guima, constitui a mais bárbara traição. Não podia ser assim. Não podia acontecer num tempo de sementeira e de colheita dos frutos doces da fraternidade, do sonho, do entusiasmo transbordante e da felicidade contagiante. É tudo muito duro e injusto, confirmando que uns têm a sina de semear e sonhar a vida e outros de a colher. Na noite do dia 21 de Outubro, durante o jantar com o Magnífico Reitor da UFRGS e os colegas Cícero Moraes e Marcelo Cardoso (da ESEF-UFRGS), eu e o António Marques falámos com ele pelo telefone. O Sr. Reitor, que também falou com ele, estava muito satisfeito com a visita à UP e cheio de projectos de cooperação para o futuro imediato; e teve palavras de muito apreço para com o seu Pró-Reitor, Prof. Doutor Antônio Guimarães, que tinha sido o obreiro da sua vinda. Assim eu quis associá-lo ao jantar e tornar este ainda mais cordial e, por isso, liguei para ele. Trocámos palavras de amizade sentida e de fraternidade vivida; falámos de todos nós, das nossas instituições, das nossas famílias e dos dias que estavam para vir. Alegrámo-nos com os próximos encontros em Porto Alegre (fins de Novembro) e no Porto (Março de 2006), tendo eu exigido a presença dele na cerimónia comemorativa dos 30 anos da nossa Faculdade, a celebrar no final de Janeiro. Tudo foi selado com o calor e a cumplicidade estabelecida entre pessoas que muito se querem, apreciam e respeitam. Fomos dormir satisfeitos e confiantes. No dia 22 fui atingido pela comoção com que o Prof. Doutor Adroaldo Gaya deu a notícia funesta. Foi com profunda dor e imenso constrangimento que a transmiti aos colegas da Faculdade. Todos ficaram como se um abalo sísmico tivesse revolto as nossas vidas. À sensação de incredulidade juntou-se a percepção da perda irreparável, do vazio aterrador, da falta incomensurável. Não voltaremos a falar com o Guima, não voltaremos a vê-lo, não voltaremos a desfrutar da sua conduta finíssima, do seu conselho avisado e da sua visão lúcida e esclarecida; não voltaremos a saborear a sua presença generosa e a ouvi-lo cantar naqueles jantares em que celebrávamos o privilégio e encanto de sermos amigos. Porém ele permanecerá no meio de nós, na nossa lembrança e no nosso coração. Dele ficam a memória respeitosa e a saudade infinda que alumia como um clarão o seu nome e o nosso caminho.