Resumo

O objetivo do estudo foi monitorar e caracterizar as mudanças na inatividade física de lazer e outros fatores de risco à saúde (percepção negativa de estresse, tabagismo, consumo abusivo de bebidas alcoólicas e excesso de peso corporal) de trabalhadores das indústrias do Estado de Santa Catarina. Para tanto, recorreu-se à análise secundária de dados referentes aos períodos de 1999 e 2004, caracterizando um estudo de inquérito transversal repetido. Em ambos os inquéritos, a seleção de amostragem permitiu contemplar todas as Unidades Regionais do Serviço Social da Indústria - SESI-DR/SC, empresas de grande, médio e pequeno porte e trabalhadores de ambos os sexos. Mediante este processo, amostras representativas foram constituídas, respectivamente, por 4.225 e 2.574 sujeitos. Os dados foram coletados por meio de um questionário previamente validado (1999) e, posteriormente, adaptado para respostas categóricas (2004). Para construção dos bancos de dados, utilizou-se o programa Epi Info - versão 6.04b (1999) e o sistema de digitalização de informações em sistema de leitura ótica, através do software SPHYNX (2004). Na análise estatística, os dados foram exportados para o programa estatístico SPSS - versão 11.0, onde foram empregados os testes de Qui-quadrado ( 2) e de regressão logística não condicional, com base na abordagem hierárquica em três níveis. Adicionalmente, comparações referentes às prevalências foram verificadas pelo teste crítico de razões (Z), por meio do programa estatístico EpiCalc 2000. Em todas as análises, os resultados foram definidos como estatisticamente significativos para um valor de p=0,05. Em ambos os inquéritos, dois terços da amostra foi composta por homens e pessoas casadas. Mais da metade dos industriários tinha menos de 30 anos de idade e, aproximadamente, 10% possuíam formação superior completa. Reduções estatisticamente significativas mediante comparação dos resultados dos inquéritos de 1999 e 2004, foram observadas para as prevalências de inatividade física no lazer (46,2% para 30,8%), tabagismo (20,6% para 13,8%) e consumo abusivo de bebidas alcoólicas (48,1% para 41,0%). Todavia, aumento da prevalência no excesso de peso (IMC = 25 kg/m2) foi constatado (33,1% para 36,8%) em 2004. As inter-relações entre as variáveis tabagismo e consumo de bebidas alcoólicas, controle do peso corporal e consumo de bebidas alcoólicas, tabagismo e percepção do nível de estresse e, dessa, com a atividade física de lazer foram consistentes nos dois inquéritos. Contudo, associações da atividade física de lazer com o consumo de bebidas alcoólicas e com o tabagismo não se confirmaram. Por fim, análises da simultaneidade de fatores de risco à saúde evidenciaram variações positivas de 1999 para 2004, com maior exposição a estes fatores de risco entre os homens e a concomitante tendência de aumento dos fatores de risco à saúde com o aumento da idade.

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