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RESUMO

As atividades de aventura (AA) vêm ganhando muitos adeptos, porém mesmo essa adesão, as AA continuam fora do âmbito escolar e isso se dá por diversos fatores. Em uma tentativa de expor os conteúdos das AA, o Grupo de Estudos do Lazer, incentiva a introdução dessas modalidades durante o Estágio Supervisionado da Licenciatura. Este estudo se deu a partir dos relatos de experiências obtidas durante as aulas de Educação Física, ministradas por integrantes do GEL e consiste em descrever as visões dos alunos e as dimensões atitudinal, conceitual e procedimental dos conteúdos aplicados. As aulas foram aplicadas durante 10 semanas, para uma turma do segundo e uma do terceiro ano ambas do Ensino Fundamental, sendo duas aulas por semana para cada turma, os conteúdos trabalhados foram: skate, escalada, parkour e slackline. Antes de serem inseridos as AA os professores fizeram um questionamento sobre os conhecimentos dos alunos, onde se observou uma conhecimento construído através de uma influencia midiática. Após o término das aulas os professores questionavam os alunos sobre os conteúdos ministrados, onde estes obtiveram grande aceitação e o conhecimento acerca das AA mudou, saindo meramente da influencia midiática, para a modalidade, conceitos e ideias, trabalhados nas aulas. Concluiu-se que é possível a inserir as AA na escola, desde que seja de forma planejada e trabalhada como os outros conteúdos da Educação Física Escolar.

INTRODUÇÃO

As atividades de aventura (AA) no Brasil vêm ganhando adeptos, principalmente por jovens e adultos. Essa adesão chega a se comparar com outros esportes mais tradicionais no país (FRANCO, 2010). Por estarem relacionadas à vertigem e ao risco e por conta do déficit na formação dos profissionais de Educação Física na área das AA, estes conteúdos acabam sendo pouco ou muitas vezes não sendo aplicados dentro do contexto escolar.

A partir da ideia da interdisciplinaridade é possível trabalhar aspectos como discussões sobre preservação, desenvolvimento sustentável, aspectos geográficos e históricos dos locais de prática, as leis da física que envolve várias das modalidades, gerando assim uma base para um completo projeto educativo (FRANCO, 2010). Em acréscimo,

“Os esportes de aventura permitem que o praticante confronte-se com ele próprio, superando limites, ultrapassando barreiras e vencendo desafios, além de compreender as relações e conhecimento sobre o desenvolvimento de capacidades físicas, de habilidades motoras, e da apropriação cultural do esporte.” (EUFLAUSINO; OLIVEIRA; PIMENTEL, 2013, p.1)

A escola oferece espaço e estrutura mínima para o trabalho com AA, podendo estas, serem adaptadas em questão de materiais e locais de prática. Pensando nisso, o Grupo de 177 Estudos do Lazer incentiva que seus integrantes introduzam AA nos colégios durante o Estágio Supervisionado da licenciatura.

Relatamos neste trabalho as experiências das aulas que foram ministradas para crianças do 2º e 3º ano do ensino fundamental cuja idade varia entre 6 e 9 anos de idade. Nesta fase “as crianças nessa fase, aprendem pela participação ativa e o encorajamento do professor é importante, para que, junto com o aumento da responsabilidade, venha a ser adquirida a autoconfiança.” (PEREIRA e ARMBRUST, 2010, p. 27). Assim foram elencados quatro AA como conteúdos apropriados: Skate, Parkour, Escalada e Slackline.

OBJETIVO GERAL

Relatar as experiências obtidas durante aplicação das atividades de aventura, nas aulas de educação física escolar, para alunos do ensino fundamental em uma escola da rede municipal de Maringá – PR.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Descrever as vivências dos alunos do ensino fundamental durante as aulas de skate, escalada, parkour e slackline; Descrever as dimensões atitudinal, conceitual e procedimental para ensino de skate, escalada, parkour e slackline no ensino fundamental.

METODOLOGIA

Este estudo consiste em um relato de experiência vivenciado por acadêmicos da disciplina de Estágio Curricular Supervisionado I, do curso de graduação em Educação Física da Universidade Estadual de Maringá, no período de agosto de 2013 a novembro de 2013.

A ementa para a disciplina prevê uma carga horária total de 67 horas para o ensino fundamental, abrangendo turmas de 1º ao 5º ano, estas estão divididas em: 2 horas de observação, 15 horas de participação, 10 horas de preparação e 40 horas de direção. O foco do estudo foram as aulas de direção.

Para as aplicações das aulas de Estagio Supervisionado foram escolhidas duas turmas do ensino fundamental, um segundo e um terceiro ano, em uma escola da rede municipal da cidade de Maringá-PR escolhida aleatoriamente.

As aulas foram aplicadas durante 10 semanas, sendo 4 aulas semanais divididas em: duas aulas para o segundo ano e duas aulas para o terceiro. Os conteúdos trabalhados durante as aulas de educação física foram: skate, escalada, parkour e slackline.

RESULTADO

Os Alunos Durante as Aulas de Atividade de Aventura

Antes de serem inseridas as aulas de atividades de aventura dentro do contexto escolar os alunos foram previamente questionados pelos professores sobre: qual a concepção deles sobre a atividade de aventura?

Durante este questionamento a resposta que mais chamou a atenção foi: “são aqueles caras que ficam fazendo um monte de coisas loucas na TV”.

Neste discurso nota-se o poder de influência da mídia, que ao expor os indivíduos aos meios de comunicação de massa nem sempre proporciona um entendimento para interpretar e analisar de forma critica as consequências dos produtos consumidos por meio da mídia (SANTOS e MEZZAROBA, 2012)

A mídia vende as AA na forma de espetáculos, pegando atletas famosos e colocandoos para fazerem exibições, no entanto não mostra os preparativos e os procedimentos que são realizados anteriormente para que todo ocorra de maneira correta.

Após este breve questionamento as aulas de Educação Física foram divididas em quatro módulos, sendo ministradas aulas teórico-práticas para duas turmas do ensino fundamental, uma do segundo e outra do terceiro ano, com aproximadamente 35 crianças por turma. Durante as aulas procurou-se englobar as dimensões conceitual, procedimental e atitudinal.

• Skate

Dimensão Conceitual: Histórico da modalidade, como surgiu, o skate no Brasil, apresentamos as partes do skate (truck, rodas, rolamentos, shape, parafusos e amortecedores), equipamento de segurança e quais as principais modalidades do skate (freestyte, mountainboard, downhill, vertical e street).

Dimensão Procedimental: O primeiro contato explorou fundamentos básicos como postura e equilíbrio. Fundamentos específicos da modalidade: remada, freio, procedimento de queda, giros e iniciação as manobras.

Dimensão Atitudinal: Desmistificar algumas visões que os alunos teriam a respeito da modalidade e sobre seus praticantes. Respeito aos companheiros de turma, ao local de prática e respeito aos próprios limites.

• Escalada

Escalada é a prática da ascensão de superfícies naturais ou artificiais utilizando a força do praticante, com a utilização de equipamentos próprios para a prática (PAIXÃO, 2012).

Dimensão Conceitual: Definição de escalada, o surgimento das escalada como forma de sobrevivência até a escalada moderna, locais de prática, tipos de escalada, equipamentos/procedimentos de segurança.

Dimensão Procedimental: Principais tipos de pegadas, posicionamentos dos pés, o corpo em relação à parede e como se movimentar durante a escalada.

Dimensão Atitudinal: Conscientizar os alunos a respeito dos riscos que a modalidade apresenta, trabalhamos o respeito ao meio ambiente, ao local de prática e aos próprios limites.

• Parkour

O Parkour é o deslocamento e transposição de obstáculos rotineiros de forma eficiente, utilizando apenas o próprio corpo para realizar essa transposição (MILLER; DOMOINY, 2008).

Dimensão Conceitual: Histórico da modalidade e seu criador, filosofia do praticante de parkour, como se vestir para a prática e diferenciamos o parkour do freerunning.

Dimensão Procedimental: Fundamentos básicos do método natural de George Hébert que foram a marcha, o correr, saltar, equilibrar e movimento quadrúpede. Movimentos de aterrissagem e formas de transpor obstáculos.

Dimensão Atitudinal: Diferenciamos a prática do parkour em relação ao vandalismo procurando demonstrar a importância de se preservar o local de prática e o respeito aos próprios limites. 

• Slackline

O Slackline é uma modalidade que consiste em se deslocar sobre uma fita em equilíbrio, que esta fixada e esticada entre arvores, postes ou demais estruturas (PEREIRA, 2012).

Dimensão Conceitual: Histórico de slackline, locais de prática, materiais utilizados e as principais modalidades do slackline (trickline, longline, Highline e waterline). Dimensão

Procedimental: Exercícios de postura e equilíbrio, primeiro contato com slackline, forma de andar sobre a fita e jogos sobre a fita.

Dimensão Atitudinal: Respeito ao meio ambiente e ao local de prática sabendo respeitar seus próprios limites.

O feedback

Ao término das aulas os professores se reuniram novamente com os alunos sendo realizado um feedback sobre o conteúdo atividade de aventura e quais das atividades chamou mais atenção.

Em circulo, os professores pediram para que cada aluno comentasse um pouco sobre as atividades de aventura que foram trabalhadas durante as aulas. Notou-se uma grade aceitação por parte dos alunos, afirmando que gostariam que essas modalidades fossem inclusas como conteúdos nas aulas de educação física.

Em seguidas os professores entregaram uma folha sulfite para cada aluno e pediram para que cada um desenha-se qual atividade gostaram mais. Como resultando as aulas de skate e parkour foram as quem mais apareceram.

CONCLUSÃO

Conseguimos identificar que a inserção de AA no âmbito escolar é possível se bem planejada e trabalhada, como outros conteúdos da Educação Física escolar. É preciso então que o ensino superior torne esse conteúdo integrado em suas aulas para que futuros professores tenham o conhecimento necessário para trabalhar tais atividades.

Os alunos foram bem receptivos e segundo alguns depoimentos gostariam de praticar mais vezes estas atividades. As aulas de skate e Parkour foram as que mais atraíram a atenção dos alunos. Conseguimos identificar ao final deste período de aulas que a visão dos alunos a respeito destas atividades mudou, pois os alunos não apenas falavam sobre a prática da atividade apenas, mas também falavam dos conceitos e ideias de auto superação, de auxilio ao colega, de respeitar seus limites e dos outros, da não deterioração do ambiente de prática, entre outros.

REFERÊNCIAS

EUFLAUSINO, Jean Miranda; OLIVEIRA, Amauri Aparecido Bassoli de; PIMENTEL, Giuliano Gomes de Assis. Ensino do Parkour no âmbito escolar: Uma proposta para o programa segundo-tempo. In: ENCONTRO ANUAL DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA, 22., 2013, Foz do Iguaçu. Anais... . Foz do Iguaçu: Unioeste, 2013. p. 1 - 3.

FRANCO, Laércio Claro Pereira. A adaptação das atividades de aventura na estrutura da escola. In: MARINHO, Alcyane et al (Org.). Entre o urbano e a natureza: A inclusão na aventura. São Bernardo do Campo: Lexia, 2010. Cap. 7. p. 89-101.

FRANCO, Laércio Claro Pereira. Atividades físicas de aventura na escola: uma proposta pedagógica nas três dimensões do conteúdo. 2008. 136 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Educação Física, Departamento de Instituto de Biociências, Universidade Estadual Paulista, Rio Claro, 2008.

MILLER, J. R.; DOMOINY, S. G. Parkour: a new extreme sport and a case study. Journal of Foot and Ankle Surgery, v. 47, n. 1, p. 63-65, 2008.

PAIXÃO, Jairo Antônio. O instrutor de esporte de aventura no Brasil e os saberes necessários a sua atuação profissional. Curitiba: Crv, 2012. 105 p.

PEREIRA, D. W.; ARMBRUST, I. Pedagogia da aventura Os esportes radicais, de aventura e de ação na escola. Jundiaí: Fontoura, 2010. 160 p.

PEREIRA, D. W. Primeiros passos no Slackline; EF Desportes.com, Revista Digital – Nº 169 Junho de 2012 {http://files.posaventura.com/200004022- 40364412fa/Primeiros%20passos%20no%20slackline.pdf} acesso em 04 de Março de 2014

SANTOS, Alan Lagoa; Mezzaroba, Cristiano. Esporte e mídia: um estudo de recepção ao discurso midiático-esportivo e algumas implicações na escola. Revista da unifebe, v. 10, p. 35-49, 2012.

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