Resumo

O artigo parte dos conceitos de governamento, biopoder, norma e governamentalidade para argumentar no sentido de que as políticas de inclusão - especialmente as políticas de inclusão escolar - são dispositivos biopolíticos para o governamento e o controle das populações. Tomam-se esses e outros conceitos foucaultianos como ferramentas analíticas para argumentar que é preciso examinar as políticas e práticas inclusivas sem assumir antecipadamente qualquer juízo de valor sobre elas. Entendendo a diferença como manifestação da diversidade, e o diferente como um exótico, um portador de algo que os outros não possuem, as políticas de inclusão - nos modos como vêm sendo formuladas e em parte executadas no Brasil - parecem ignorar a própria diferença. Assim, ao invés de promoverem uma educação para todos, elas correm o risco de realizar uma inclusão excludente das diferenças. Discute-se a distinção entre campanhas públicas e políticas de inclusão em termos dos âmbitos em que ambas se efetivam. Palavras-chave : Políticas de inclusão; Disciplina; Biopoder; Normalidade; Exclusão.