Resumo

Este artigo congrega elementos da pesquisa que teve por objetivo observar a incidência de indícios do Sagrado Feminino nas produções da Licenciatura em Dança da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB) no período de 2010 a 2019. Sendo, o Sagrado Feminino, um tipo de sabedoria intuitiva com progressiva adesão mundial nas últimas décadas, considero duas premissas nesta análise: a integração das mulheres às vivências do Sagrado Feminino acontece, majoritariamente, de forma intuitiva e íntima, portanto, anterior à sua elaboração racional e/ou vinculação conceitual às militâncias feministas; a dança é uma manifestação integrativa da humanidade, tendo grande relevância na reconstituição ancestral inerente à busca por conexão com as qualidades femininas, bem como com a reverência holística em relação à sacralidade da vida. Metodologicamente, trata-se de uma pesquisa de caráter etnográfico, baseada em revisão de literatura e aplicação de questionário para o levantamento, seleção e análise das produções artísticas e científicas de dança. Se o Sagrado Feminino tem por princípio a demanda intuitiva das mulheres por reconexão ancestral, autocura e autoconhecimento, sua reverberação social vislumbra um equilíbrio das qualidades femininas e masculinas no mundo. Na Licenciatura em Dança da UESB, essas buscas têm sido percebidas em configurações múltiplas (em processos individuais ou coletivos, restritos a mulheres ou em contextos de ampla participação) e apontaram sete eixos vivenciais que, em potências e conexões peculiares, auxiliaram a observação da dança nesse contexto de elaboração subjetiva: autoconhecimento; vinculação cultural; ancestralidade; poder de gerar e nutrir a vida; feminismo, questões de gênero e reação ao patriarcado; relação intuitiva com o Sagrado Feminino; e conexão com arquétipos da Deusa.

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