Resumo

Este estudo constitui uma investigação realizada no interior do Programa de Mestrado Profissional em Educação Física em Rede Nacional, da área de concentração de “Educação Física escolar”, da linha de pesquisa “Educação Física no Ensino Fundamental”, tendo como tema a “Indisciplina na Escola”. Buscou compreender a percepção dos estudantes de uma escola do campo da rede pública de Planaltina-DF com relação à sua exclusão das aulas de Educação Física por motivos indisciplinares, a fim de se propor uma experiência pedagógica de forma a aprimorar ações no enfrentamento à indisciplina. Os objetivos específicos consistiram em caracterizar o cenário do processo de exclusão dos estudantes das aulas de Educação Física, identificar os sentimentos vivenciados pelos estudantes após sofrerem os castigos e experimentar o modelo de ensino Sport Education em contraposição aos castigos. A fundamentação teórica está estruturada a partir de cinco eixos temáticos: o primeiro conceitua a indisciplina escolar, o segundo orienta sua análise para a Educação Física escolar, o terceiro enfatiza o percurso histórico dos castigos escolares, o quarto aborda a exclusão das aulas de Educação Física como castigo, e, por fim, o quinto apresenta exemplos de tentativas de minimização da indisciplina escolar. Segundo os procedimentos técnicos, a pesquisa com abordagem qualitativa, se caracterizou como uma pesquisa exploratória e, na sequência, desenvolvemos uma pesquisa-ação. Os instrumentos utilizados foram questionários e grupos focais. A análise e discussões são realizados à luz de uma concepção crítica de ensino da Educação Física (SOARES et al., 1992). Os resultados indicaram que os estudantes concordam com o procedimento adotado pela Equipe Gestora, sendo possível perceber que existe uma naturalização dos castigos na escola. Suas ocorrências não causam nenhuma estranheza, pois os estudantes já estão acostumados com essas práticas desde os anos iniciais do Ensino Fundamental. Após a experimentação do modelo de ensino Sport Education destaca-se o reconhecimento da importância individual de cada estudante no desenvolvimento das ações, a maximização e o incremento do trabalho coletivo e, por fim, o clima de festividade proporcionado pela organização e participação nos “X Jogos Internos do Rio Preto (JIRP)”. Grosso modo, acreditamos na existência de duas vertentes de ideias para a perpetuação da exclusão dos estudantes das aulas de Educação Física: de um lado, a Educação Física é a disciplina preferida dos estudantes, o que leva à exclusão do estudante indisciplinado das atividades dessa disciplina como castigo, de outro, há uma hierarquização dos componentes curriculares, pois, como os estudantes precisam ser castigados, opta-se por se aplicar tais punições nos espaços-tempos destinados às disciplinas consideradas de menor importância, no caso, a Educação Física. Por fim, acreditamos ter promovido um debate acerca do uso da Educação Física como mecanismo de castigo, sempre compreendendo a sensibilidade para se tratar desse objeto. Temos absoluta convicção das limitações e provisoriedade dos resultados alcançados, todavia, nosso desejo é o surgimento de outras investigações que possam contribuir com a temática, preenchendo as possíveis lacunas deixadas por nós, e, certamente, nos contrapondo em muitos posicionamentos.

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