Resumo

Com o interesse pessoal da autora somadas as inquietações como pesquisadora surgiu a pesquisa “Infâncias em situação de acolhimento” que tem por objetivo compreender como se produziram os acolhimentos institucionais no Brasil, especialmente o Uletus1 em Rio Grande no RS. Para isto seleciona-se o campo teórico de Michel Foucault, a partir de algumas ferramentas metodológicas como a genealogia e o discurso. Para melhor desenvolvimento da pesquisa optou-se pelo desmembramento da dissertação em dois artigos. O primeiro intitulado “Acolhimento institucional: um envolto de leis, corpos e disciplinas” tem por objetivo entender como surgiram os atuais acolhimentos institucionais no Brasil. O texto em questão discorre em cima de leis e documentações que produziram essas instituições e, portanto, permite entender os momentos que as crianças tornam-se alvo de vigilância, de classificação e encarceramento em nosso país. Tenta-se demonstrar, também, que os acolhimentos institucionais em sua gênese possuem caráter civilizador e disciplinador em que as crianças são alvos para que objetivos maiores sejam atingidos. Hoje o acolhimento é caracterizado como medida de proteção para crianças e adolescentes, mas na sua gênese a proteção era designada a ordem social, que poderia ser ameaçada por esses “menores” abandonados. O segundo artigo, por sua vez, intitulado “A produção dos corpos e as finalidades de um acolhimento institucional no município do Rio Grande-RS” busca perceber como vêm sendo constituídos os corpos infantis no Acolhimento Institucional Uletus do município do Rio Grande no RS. Neste texto é demonstrado a incoerência do discurso social da época com o nascimento e a realidade de um acolhimento na cidade do Rio Grande. Foram realizadas entrevistas com atuais funcionários da casa de acolhimento, como também com funcionários que tiveram participação na gênese do abrigo. Através das fontes, foram vistos e pensados os acolhimentos institucionais em nossa sociedade, como mecanismos que possuem outros objetivos que não somente o cuidado de crianças e adolescentes negligenciados, mas como instituições que servem como mecanismos de segurança. 
 

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