Resumo

No nado-livre, o tempo limite do exercício em intensidade correspondente ao consumo máximo de oxigênio (iVO2) mantém uma relação inversamente proporcional à magnitude desta. Outros estudos também apontam o consumo máximo absoluto de oxigênio (VO2max) e o componente lento (CL) como fatores influentes. Em nado-atado essas relações ainda não foram descritas, apesar de ser considerado um ambiente que favorece um controle mais refinado da intensidade do exercício. O objetivo deste estudo foi analisar a tolerância ao exercício em iVO2max no nado-atado, para analisar se os parâmetros influentes são os mesmos já demonstrados em nado-livre, considerando o potencial do ambiente atado em aplicar e controlar de forma mais precisa o estímulo metabólico. Onze homens (18,0 ± 4,0 anos, 180,2 ± 6,8 cm de estatura, e 71, 8 ± 9,5 kg de peso corporal) realizaram um teste progressivo atado (TPA) para acessar VO2max e iVO2max. No TPA, as cargas progrediram entre 30 a 70% da força máxima atada (Fmax), em estágios de 5% a cada minuto. A Fmax foi avaliada com uma célula de carga de 500kgf, em nado crawl de esforço máximo por 30s. A tolerância foi analisada em duas transições repouso-exercício de fase constante a 100% VO2max. O VO2 foi analisado respiração-a-respiração (CPET K4b2, conectado a um snorkel específico - new Aquatrainer®), em seguida alinhado ao tempo, excluído os resíduos, interpolado segunda-a-segundo e feita a média para fornecer um único conjunto e dados. A descrição matemática da cinética do VO2 durante as transições foi baseada em uma equação exponencial de primeira ordem, com tempo de retardo da resposta (TD). O método dos resíduos foi aplicado para discriminar a resposta primária do VO2 de sua reposta tardia e lenta (SC). O tempo de tolerância foi 330,4 ± 61,1s, atingindo 100,4 ± 5,0% VO2max. Os coeficientes de Pearson para as correlações entre iVO2max e VO2max foram -0,68 (p < 0,01) e -0,59 (p < 0,05). Também foi observada correlação entre tolerância e a resposta primária da cinética do VO2 (-0,71; p < 0,01), mas não com o CL (0,07; p > 0,05). Isto é, quanto maior a aptidão aeróbia, maior será a intensidade do esforço a ser sustentada, e também será maior a amplitude do VO2 requerida para atender à demanda energética muscular, o que coletivamente restringem o tempo de desempenho. Provavelmente, a intolerância ocorreria pela incapacidade em ajustar a oferta oxidativa continuamente (SC), seja pela pequena margem de incrementos possíveis, quando a amplitude da resposta primária é elevada, e/ou pela influência do acúmulo de metabólitos sobre e eficiência contrátil das fibras musculares, com a crescente demanda sobre as reservas anaeróbias de energia.

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