Resumo

Estudos têm mostrado que a depressão pode tanto estar relacionada como influenciar diversos fatores da doença de Parkinson (DP), entretanto, estes achados têm sido inconclusivos. Quanto ao comprometimento motor e estágio da doença, alguns estudos têm mostrado que a depressão pode ser um fator exacerbador de sintomas motores e, em alguns casos, acelerador da progressão dos estágios da doença. Outros estudos mostram que ela pode ser considerada um sintoma pré clínico e que, em alguns casos, está presente apenas nos anos iniciais da doença. O tratamento específico da DP apresenta resultados controversos quanto aos sintomas depressivos e medicamentos específicos para depressão podem exacerbar sinais da DP. Com base nisso, a prática de exercício físico tem sido proposta visando benefícios para sintomas depressivos. Sendo assim, pesquisas acerca da influência da depressão em variáveis clínicas e cognitivas, nível de atividade física e depressão contribuiriam para um maior entendimento da relação dessas variáveis. O objetivo do estudo foi verificar a influência da depressão no nível de atividade física e variáveis clínicas e cognitivas de pacientes com DP. Participaram deste estudo 69 pacientes com DP, distribuídos em dois grupos: com (n = 40) e sem (n = 29) sintomas depressivos. Os pacientes foram submetidos à uma bateria de testes que incluiu: i) Unified Parkinson's Disease Rating Scale, subescala III (UPDRS III) - avaliação do comprometimento motor da doença; ii) escala de Hoehn & Yahr (H&Y) - avaliação do estágio evolutivo da doença; iii) escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão - avaliação de sintomas de ansiedade e depressão; Questionário Baecke Modificado para Idosos (QBMI) - avaliação do nível de atividade física; Mini Exame do Estado Mental (MEEM) - rastreio cognitivo. Foi utilizado o teste não paramétrico U de Mann-Whitney. A análise estatística apontou diferenças significativas entre os grupos para nível de atividade física (p = 0,018), ansiedade (p = 0,043), estágio da doença (p = 0,006) e comprometimento motor da doença (p = 0,001). Os pacientes com DP classificados como depressivos apresentaram menores níveis de atividade física. Ainda, estes mesmos pacientes apresentaram sintomas de ansiedade mais graves, estadiamento da doença mais avançado e sintomas motores mais graves do que pacientes com DP classificados sem depressão. Não foi encontrada diferença significativa para função cognitiva global (p = 0,299) entre os grupos. Os achados sugerem que a depressão parece influenciar o nível de atividade física, ansiedade, comprometimento motor e estágio da doença de pacientes com DP. Considerando que os indivíduos com menores sinais de depressão também apresentaram maiores níveis de atividade física, menores comprometimentos motores e estágio da doença, sugere-se que programas de intervenção para pacientes com DP enfatizem, além de benefícios motores, benefícios neuropsiquiátricos. 

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