Resumo

Introdução: A doença renal crônica (DRC) tem uma inter-relação complexa com outras doenças. A literatura relata a associação direta entre declínio da função renal e comprometimento cognitivo, o qual está relacionado com pior qualidade de vida (QV). Alterações na hemodinâmica cerebral podem desempenhar papel relevante na patogenia da disfunção cognitiva entre pacientes em hemodiálise (HD). Recentemente, surgiram evidências que apoiam o papel da atividade física na prevenção ou no adiamento do declínio cognitivo. Objetivo: Avaliar os efeitos do treinamento aeróbico intradialítico sobre o fluxo sanguíneo cerebral, função cognitiva e QV em pacientes com DRC que realizam HD. Casuística e Métodos: Estudo clínico controlado e randomizado de intervenção fisioterápica, com análise de intenção de tratar. Trinta pacientes foram submetidos a teste ergométrico, avaliação do fluxo sanguíneo cerebral, avaliação da rigidez arterial, teste de função cognitiva e questionário de QV. O grupo de intervenção (GI), com quinze pacientes, foi submetido a treinamento aeróbico intradialítico, três vezes por semana, durante quatro meses. O grupo controle (GC), com quinze pacientes, não teve intervenção. Todos os pacientes foram reavaliados após o término do protocolo de atividade física ou após quatro meses da primeira avaliação, para o grupo controle. Resultados: No GI, os resultados mostraram melhora estatisticamente significante da função cognitiva (p<0,001), velocidade máxima do fluxo sanguíneo da artéria basilar (p=0,029) e da QV nos domínios estímulo da equipe de diálise (p=0,025) e dor (p=0,008). A variável rigidez arterial não apresentou diferença estatisticamente significante após a intervenção. A proporção de artérias que apresentaram aumento da velocidade máxima e média do fluxo sanguíneo cerebral obteve diferença estatisticamente significante entre os grupos (p=0,002 e p= 0,038 respectivamente). Conclusão: O exercício aeróbico intradialítico se mostrou benéfico para a melhora da função cognitiva e QV dos pacientes com DRC em HD. O protocolo de treinamento físico teve um efeito positivo no fluxo sanguíneo cerebral, com aumento numérico das velocidades máximas e médias da maioria expressiva das artérias avaliadas, sugerindo um possível mecanismo de melhora da função cognitiva.

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