Resumo

A fibrose cística (Fc) é caracterizada por doença pulmonar obstrutiva supurativa crônica progressiva, insuficiência pancreática, com má digestão e má absorção dos alimentos, e desnutrição secundária, com concentrações aumentadas de cloreto de sódio no suor e infertilidade masculina na vida adulta. A gravidade da doença pulmonar leva essas crianças a apresentarem infecções recorrentes, perda progressiva de função pulmonar levando à intolerância ao exercício aeróbio, provavelmente relacionado aos mecanismos de injúria pulmonar8. A resposta inflamatória sistêmica na Fc modifica a capacidade de exercício. Portanto, estratégias terapêuticas não deveriam focar apenas sobre abordagens diretas na doença pulmonar obstrutiva, mas também em intervenções que modulem a resposta inflamatória a infecções aumentando a tolerância ao exercício físico e melhorando assim a qualidade de vida. O objetivo do presente estudo foi avaliar o processo inflamatório sistêmico através de proteína C-reativa e a capacidade aeróbia em pacientes com fibrose cística submetidos a treinamento físico. Material e Métodos: Um estudo controlado, ensaio clínico prospectivo, foi realizado sobre uma amostra consecutiva em uma clínica privada na cidade de Cascavel e em uma clínica de Fisioterapia na Universidade Nove de Julho. A Fc foi confirmada por todos os pacientes pelo teste de suor positivo,. Os participantes eram caucasianos, vinte crianças, com idade média de 13,21 anos. Foram formados dois grupos de pacientes com FC, no qual grupo submetido ao treinamento físico e fisioterapia respiratória era o grupo G1 (G1, n = 10) e o grupo que fazia fisioterapia respiratória sem treinamento físico era o grupo G2 (G2, n= 10). Um terceiro grupo foi o controle (GC), formado por crianças saudáveis que não eram submetidas ao treinamento físico, porém eram livres para realizar suas Atividades de Vida diária ( AVD s). O protocolo experimental foi composto de história clínica, testes de função pulmonar, teste do degrau 3 , teste de esforço máximo , coleta de amostra de sangue, questionário de qualidade de vida que foram realizadas na avaliação e na reavaliação dos pacientes. Resultados: Houve uma correlação entre a função pulmonar e a PCr (moderada correlação = -0,62), sendo significativa a relação entre VEF1 e PCr com p< 0,01.. Houve um aumento significativo no número de degraus no G1, com uma redução na dispnéia, fadiga em membros inferiores e freqüência cardíaca. A PCr também foi reduzida, mas esta redução não alcançou significância estatística. Uma análise entre os deltas dos grupos revelou uma diferença significativa no número de degraus, mas não houve diferença significativa para as demais variáveis analisadas. Na qualidade de vida verificada pelo questionário específico da Fc houve um aumento significativo no escore total. Conclusões: A partir dos resultados do presente estudo, podemos inferir que o exercício aeróbio diminui o processo inflamatório e aumenta a capacidade de exercício em pacientes com fibrose cística. Assim, a avaliação da resposta inflamatória sistêmica pode ser uma variável para determinar se um programa de reabilitação proposto irá desencadear uma maior ou menor inflamação, e através do Questionário específico de Fibrose Cística observamos uma melhor qualidade de vida para esses pacientes

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