Resumo

A influência da actividade física dos pais na actividade física das crianças tem sido amplamente estudada. Relacionadas com este problema, várias variáveis podem ser apontadas como factores potenciais que afectam a actividade física das crianças, como o grupo demográfico, ocupação, educação e área de residência (Ford e col., 1991; Sallis e col., 1992). Também algumas variáveis ambientais como o papel de modelo dos pais e o apoio social estão entre aquelas que se têm registado como influenciadores da actividade física das crianças (Perruse e col., 1989; Taylor e col., 1994). O fundamento lógico desta observação assenta na forma como as famílias condicionam a quantidade de exercício que as crianças podem ter, providenciam um papel de modelo, criando acesso a facilidades, equipamentos ou oportunidades para participarem em equipas ou classes desportivas (Sallis e col., 1992). No entanto, os resultados relativos aos efeitos que o papel de modelo pode ter não são conclusivos. De facto, num trabalho recente (Taylor & Sallis, 1997), foram apontados catorze estudos, sete dos quais mostravam que esta associação existia, e outros sete que não referiam qualquer tipo de associação. A nossa hipótese de estudo é que os pais podem influenciar a actividade física das crianças de uma forma indirecta, ou seja, através do seu estatuto sócio-económico. Pill e col. (1995) referiram que indivíduos que possuiam um elevado estatuto social possuiam ao mesmo tempo mais atitudes positivas relativas à saúde (são mais activos, comem menos gorduras, dormem pelo menos sete horas). Como os indivíduos que têm um elevado estatuto social possuem ao mesmo tempo mais atitudes positivas relativas à saúde, pode significar que os seus filhos possam beneficiar de um suporte maior e de um modelo quando se comparam com crianças de outros níveis sócio-económicos. Por isso, é possível que os hábitos de saúde dos pais, mais do que a sua actividade física, podem influenciar a actividade física dos seus filhos.