Inovações Tecnológicas e Científicas I Esporte, Educação Física, Atividades Físicas e Lazer no Brasil

Parte de Atlas do Esporte no Brasil . páginas 739 - 742

Resumo

O aparecimento de inovações técnicas no universo esportivo, não obstante circunscritas às esferas da intervenção pedagógica, médica, competitiva, ou de lazer, não é de modo algum um fenômeno recente. Em grande medida, as primeiras contribuições de que se têm registro quanto a isso no mundo ocidental derivam dos legados fornecidos pela civilização helênica. De fato, na Grécia Antiga, pelo menos a partir dos Jogos Olímpicos surgidos em 776 a.C., as atividades atléticas passaram por sucessivas inovações técnicas e metodológicas. As jornadas de treinamento dos atletas gregos incluíam programas e recursos de exercícios físicos diferenciados em função da modalidade competitiva, metas de rendimento, recuperação pós-esforço e diagnoses acerca dos níveis de preparo para se obter performances. Tais procedimentos, além de balizarem metodologias de treinamento, espelham o encontro de soluções originais por parte de treinadores e competidores face às adversidades do cotidiano. Em meio a estas necessidades conjunturais surgiram os halteres, os sacos para socar, as cordas e traves de madeira, os aros gímnicos, a medicinebol, as bolas de bexiga, a periodização semanal e a divisão das sessões de treino conforme graus de intensidade. No que tange ao perfil de certas recomendações e produções de conhecimentos, há que se ressaltar não só a relevância, mas a especificidade de seus teores. Filostratro, cronista do século II da Cristandade, alinhavou um tratado sobre lutas, apresentando uma classificação dos lutadores baseada na constituição corporal de cada um, distribuindo-os, numa ordem crescente, em quatro categorias: cervo, águia, urso e leão. Desenvolvida por Heródico, no século V a.C., a ginástica higiênica pertencia ao rol das atividades físicas deveras usuais. Platão (429- 347 a.C.) chegou a prescrever ginástica para gestantes. Em particular, Hipócrates (460-365 a.C.) e Galeno (131-210 a.C.)destacaram a interferência da alimentação na consecução de trabalhos motores. Ambos lançaram os alicerces da nutrição atlética, recomendando e justificando cardápios ricos em vegetais e carnes. Galeno, por seu turno, distinguia dezoito manobras massoterap êuticas para uso atlético corrente, classificadas em totais e parciais, estimulantes e calmantes, fortes e suaves. Demonstrando notável intuição, Galeno ainda afirmava que a observação meticulosa da textura da urina representava um meio eficaz para a descoberta e controle de certas debilidades orgânicas.

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