Resumo

Neste trabalho foi realizada uma investigação diagnóstica de um problema de comunicação muito freqüente em crianças em idade pré-escolar e escolar: a troca entre fonemas sonoros e surdos. Esta troca ocorre com pares de fonemas que partilham várias características em comum e a única diferença entre ambos reside em que, em um há uma fonte sonora produzida pelas pregas vocais (sonoro) e em outro não existe essa vibração (surdo). O problema também refere-se a trocas entre os grafemas que representam esses fonemas. Estes dois distúrbios da comunicação (na fala e na escrita) ocorrem concomitantemente ou isoladamente e nos dois casos, comumente são atribuídos a falhas na discriminação auditiva. Tradicionalmente, a avaliação realizada em casos como esses não localiza com precisão a origem do problema. Neste estudo foi elaborada uma bateria de testes combinando-se os vários tipos de estímulos como modelo (oral, escrito, figuras) e várias modalidades de respostas (escolha de acordo com o modelo, nomeação oral, nomeação escrita e dizer se os estímulos eram iguais ou diferentes), perfazendo um total de 20 provas. Essas provas foram aplicadas com quatro sujeitos, obtendo-se resultados diferentes para cada um deles, porém com algumas semelhanças tanto quanto aos tipos de problemas de relação entre os estímulos e respostas como quanto à incidência de erros por fonemas. O Sujeito 1 apresentou maior número de erros nas tarefas que envolviam nomeação oral e menor número de erros quando a escrita está envolvida. Já com os Sujeitos 2 e 3 ocorre exatamente o contrário. Esses três sujeitos não apresentaram dificuldades de discriminação auditiva. O Sujeito 4 apresentou muita dificuldade tanto em nomeação como em escrita e apresentou dificuldade em discriminação auditiva quando os estímulos foram apresentados de uma forma mais complexa. Os problemas apresentados pelos quatro sujeitos são de relação de controle entre tipos de estímulo e resposta específicos. A bateria de testes usada neste estudo determinou essas relações e indicou com clareza as relações comportamentais que deveriam ser objeto de intervenção para cada sujeito. O estudo contribuiu, assim, com um instrumento para diagnóstico mais preciso que permite delinear o perfil do sujeito em termos das relações verbais que envolvem as trocas fonêmicas e grafêmicas e que muitas vezes são graves a ponto de prejudicar o desempenho acadêmico no início de escolarização.

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