Resumo

 A República dos Esportes de Calais, lançada por Jacques de Rette em 1964, foi uma experiência pedagógica original no contexto da Educação Física francesa. Ela consistia numa aprendizagem escolar de cidadania a partir de uma participação ativa dos alunos numa República que tinha o esporte como suporte. Um verdadeiro reflexo das estruturas políticas gaullistas, esta experiência propagada em mais de 80 estabelecimentos durou quase dez anos. Se beneficiando de um certo sucesso, deveu-se muito à personalidade do seu criador, bem como às condições históricas da época. O “esporte” então reuniu todos os atores, independentemente de suas opções políticas. Porém, na virada das décadas de 1960 e 1970, a sociedade francesa mudou. A bipolarização política se acentuou, as condições sociais e culturais evoluíram e desafiaram a condição moderna do esporte competitivo, bem como seu uso republicano. Uma das consequências foi a ênfase do Educação Física no “conteúdo”. Mas, centrada na governança da década anterior, a experiência não conseguiu integrar esta nova abordagem baseada em diferentes bases políticas, culturais, sociais e profissionais. J. de Rette logo se viu isolado dentro da Federação que supervisionava essa República dos Esportes. Rapidamente, no início dos anos 1970, o movimento declinou. Em última instância, essa experiência questiona sobre a trajetória percorrida pela Educação Física naquele momento, não só por tentar entender os motivos que favoreceram o sucesso da didática, mas também por atentar para a organização da tomada de decisão e seus desdobramentos educacionais. Em um momento em que as questões de cidadania e democracia eram centrais para a disciplina, tal passo parecia algo primordial de ser realizado. 

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