Resumo

v ,A Educação Especial, ano após ano, vem assumindo cada vez mais importância, face às exigências de uma sociedade em expansão. Percebe-se sua relevância no momento atual quando ganha espaço a defesa dos direitos humanos e o direito à cidadania. A pessoa portadora de deficiência mental não pode ser excluída destas reivindicações. Mas para isto há que se abrir caminhos para a sua integração social. Uma das formas de se efetivar esta integração é conhecer como a criança deficiente mental se socializa, seus processos de interação, como compreende e desempenha papéis sociais, como se relaciona socialmente. Partindo do interesse no processo de socialização da criança deficiente, este trabalho fará um recorte específico no seu processo interativo, tentando compreender melhor como crianças D.M. representam papéis em jogo de faz-de-conta. Apoiados em estudos que suportam a idéia de que existe uma interdependência entre a percepção da identidade nas variações do papel e o desempenho no jogo de faz-de-conta, no que toca as formas pelas quais as crianças representam e interagem através de papéis, objetiva-se presentemente investigar como crianças deficientes mentais, são capazes de perceber que um indivíduo se mantém o mesmo, apesar de se apresentar diferentemente conforme os papéis que vivencia, brincam de faz-de-conta, comparativamente a crianças deficientes mentais que não apresentam tal capacidade. Trabalhou-se com oito crianças do sexo masculino, portadores de deficiência mental, pertencentes a uma Instituição de Ensino Especial. Os materiais utilizados na pesquisa foram bonecas para testagem das crianças quanto à conservação de papéis sociais, objetos que identificaram locais como a a Casa e o Hospital para favorecer as situações de brincadeiras de faz-de-conta e, além destes, gravador, vídeo-cassete e fitas. Num primeiro momento, as crianças deficientes passaram pela testagem quanto à conservações de papéis sociais (testagem baseada no procedimento de Sigel e Roskind, 1967); posteriormente formaram-se grupos de crianças que foram filmadas e observadas em situações de jogos de representação de papéis (faz-de-conta) em dois cenários: a Casa e o Hospital. As observações das crianças foram analisadas e interpretadas de uma perspectiva microgenética, levantando-se, posteriormente, indicadores de reconstrução de papéis sociais e de recursos de linguagem utilizados nos Grupos: Conservadores e Não-Conservadores de papéis sociais. Os resultados mostraram que o Grupo de Conservadores se diferencia dos Não-Conservadores por vários aspectos: o primeiro grupo mostra melhor coordenação dos papéis sociais desempenhados e interações representativas mais mediada por verbalizações que os do segundo. Aparentemente, também os recursos de linguagem do grupo das crianças conservadoras são mais típicos de fases mais adiantadas do jogo de faz-de-conta. Serviram para as crianças planejarem suas ações e organizar situações de representação seletiva. Os resultados foram discutidos à luz de pressupostos sócio-interacionistas, apontando-se para o entrelaçamento de aspectos sociais e cognitivos no desenvolvimento desta criança para as potencialidades do jogo ao seu desenvolvimento e como recurso facilitador de sua integração social.

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