Resumo

Publicado por Leonardo Boff em seu site dia 22/09/2021

Como poucas vezes em nossa história, a fome grassa aos milhões em nosso país, no contexto da intrusão do coronavírus. Josué de Castro foi o mestre que inaugurou a nível nacional e internacional o tema-tabu da fome. Sua filha ANA MARIA DE CASTRO neste artigo resume a trajetória e as ideias de seu pai sobre a fome. Esta não é natural, nem querida por Deus, mas é fruto de políticas de exclusão que um estado, ocupado pela classe dominante, submete grande parte da população. Seu clássico “A geografia da fome” mostrou seu caráter humano e social. Não se trata da geografia física, mas da geografia humana e política, como exemplarmente o mostrou um de seus seguidores, mundialmente conhecido, Milton Santos. Hoje a fome do Brasil é pecaminosa, injusta e cruel. Somos como país um dos maiores produtores de alimentos e de proteínas. Mas esta produção não se destina à matar a fome da nossa população. A maior parte dela vai para a exportação, até para, como é o caso da soja, servir de alimento para os bovinos na China. Neste contexto da fome generalizada neste país, vale resgatar as reflexões críticas e inspiradoras de Josué de Castro (ele também cassado pela insensibilidade dos militares de 1964). Elas são um anúncio de suas origens políticas, da vontade humana excludente e acumuladora de riqueza e uma denúncia destes mesmos mecanismos atualmente ainda vigentes e aprofundados. O MST, o maior produtor de arroz orgânico do Brasil e da América Latina e um dos maiores doadores de alimentação agroecológica para as periferias famélicas de nossas cidades, recolheu e divulgou o presente texto. LBoff

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