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Educar não é tarefa fácil. Por isso filósofos, pedagogos, psicólogos e pensadores de uma forma geral gastaram anos de suas vidas a debater como ensinar tudo aquilo que envolve a vida em sociedade. 

São inúmeros os métodos e as estratégias para alcançar esse objetivo e todos eles estão impregnados da perspectiva de ser humano e de mundo de quem pensa essas possibilidades. Por isso a educação é uma produção vibrante, que promove debates acalorados e, acima de tudo, está na alça de mira de quem assume o poder.

Quando se estuda a trajetória humana por uma linha do tempo que vai desde o australopiteco até o sapiens percebe-se que a história é pontilhada de avanços e recuos. Inúmeras civilizações parecem ter chegado muito próximo daquilo que poderia ser chamado de ápice da civilidade para depois experimentarem a queda, a ruína. De muitas delas restam vestígios sobre como se dava o processo educacional. Isso envolvia a compreensão das coisas da natureza como também questões relacionadas a gênero, política e a razão de ser humano. Isso explica o fato de mulheres, na Grécia, não participarem dos Jogos Olímpicos da Antiguidade.

Elas não eram impedidas simplesmente por serem mulheres, mas pelo fato de não exercerem cidadania, ou seja, impedidas de participar da vida política da polis, era também negado a elas o direito de competir nos jogos públicos. Isso demonstra que não se pode separar política de esporte, nem tampouco da educação.

Cedo se percebe que a vida em sociedade envolve o respeito as normas, construídas e ditadas por quem detém o poder. O esporte é um ótimo exemplo para essa discussão. Os muitos jogos populares e práticas tradicionais foram regrados e sistematizados e depois universalizados. Ou seja, a regra comum a todos permitiu que pessoas de diferentes países e culturas pudessem jogar juntas, mesmo sem falar a mesma língua. A regra imposta determina como jogar. E assim, os pontos são marcados e o campeão é aclamado. Aos que não cumprem a regra resta a punição. Há educadores que afirmam categoricamente que o medo não é a melhor forma de educar. É um tipo de estímulo que causa aversão e, portanto, sua eficácia é questionável.

Mas, o esporte mostra um outro tipo de atitude moral que é o fair play. Conhecido também como espírito esportivo, jogo limpo ou ética esportiva ele pode ser definido como um conjunto de princípios éticos que orientam a prática esportiva, principalmente do atleta, mas também de todos os demais envolvidos com o esporte. Para praticá-lo é preciso formação ética e moral. Nessas condições não há espaço para formas ilícitas que objetivem a vitória, como o suborno ou o uso de substâncias que aumentem o desempenho, uma vez que a igualdade é um dos princípios que norteia a competição.

A regra está para o fair play assim como o medo está para o respeito. A regra, determinada pelas instituições e sem a necessária apropriação de seu conteúdo pelo atleta, envolve o medo diante da falta de respeito ao que está imposto. Quando a regra é justa ela é compreendida e praticada.

O fair play não está limitado por regras escritas. É o comportamento efetivo influenciado pela formação moral e pela educação. Por isso emana respeito que é a autoridade conquistada, e não imposta.

Regra e fair play são elementos fundamentais para a compreensão do esporte na atualidade. E como manifestação cultural ajudam a explicar muitas atitudes de outros grupos sociais. E, nas muitas disputas vividas no presente, espera-se que o respeito vença o medo.