Resumo

Sabe-se que no período de 1964 a 1985, a Educação Física era obrigatória nos três níveis de escolarização (educação básica e superior). A formação do professor caracterizava-se por 'esportivizada'. Objetivou-se, na perspectiva da história oral, evidenciar as especificidades da formação profissional de um grupo de professores que se graduou no período. Realizou-se revisão da literatura abordando-se: a) formação do profissional em educação física e b) impacto do regime militar na graduação. Com o método de abordagem em história do tempo presente e a técnica de entrevista semiestruturada, foram analisados depoimentos orais de sete professores, graduados em educação física no período. Evidenciaram-se três categorias, conforme a análise do conteúdo: a) ditames do regime militar no cotidiano estudantil; b) papel da extensão universitária na formação; c) características dos estágios curriculares e d) pesquisa científica incipiente na graduação. Constatou-se: a) poder do regime militar na política esportiva nacional e não efetivamente no ensino da educação física escolar; b) existência de poucos projetos de extensão universitária e de natureza assistencialista, não havendo uma política universitária e nem diretrizes para norteá-los; c) estágios curriculares eram obrigatórios, sendo na educação básica e, também, em outros contextos sociais para além da escola, com ênfase no ensino esportivo, demonstrando-se visão diferente da literatura, quando afirma que a formação não se preocupava com aspectos pedagógicos e que a educação física não tinha função social; d) a pesquisa na área de educação física era totalmente incipiente no Brasil. Os entrevistados apresentaram vários motivos, como não existência de cursos de pósgraduação; dificuldade em encontrar livros específicos da área, sendo a maioria editada em outras línguas. Concluiu-se que, não obstante a hegemonia e as regras impostas pelo regime militar, a formação e atuação do professor de educação física não pode ser caracterizada estritamente como alienada e alienante, pois, conforme a oralidade dos depoentes, no cotidiano escolar o saber pedagógico e social eram abordados para além das práticas tecnicistas dos esportes. Enfim, salienta-se a importância da História Oral, como fonte complementar e comparativa de pesquisa, auxiliando numa melhor e mais ampla compreensão do passado desta área, apresentando um novo olhar sobre a pesquisa em história da educação física.

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