Resumo

Em pesquisa realizada pela marca OMO (2016) promovida em dez países, intitulada Valor do Brincar Livre, é confirmada a ideia de senso comum de que as crianças do século XXI não brincam tanto quanto deveriam. Em nuance a essa situação, irônico pensar que anos antes, entre as décadas de 1980 e 1990, pelas ruas do Brasil popularizou-se uma prática, conhecida por Bets, Bete ombro, Taco, Casinha, Garrafão. Um “Esporte de rua”, com nomes diferentes em cada região, mas com características fortes que atribuem relevância a respeito da memória das crianças que viveram essa época. Com a escassez de materiais que explorassem a temática, resgatou-se a memória sobre o Bets, no Paraná, especialmente em Curitiba, através de reportagens encontradas nos jornais da cidade que explanaram questionamentos sobre a brincadeira. O objetivo esteou-se em investigar o que foi e o que será do Bets, sobre as formas pelas quais ele vem sendo praticado e como resgatar essa memória para o século do “não brincar”. Para fundamen- tar a pesquisa, foi entrevistado o organizador do Campeonato Mundial de Bets, Glauco Silveira, ancorada na teoria de Verena Alberti (2005) que carrega os objetivos da metodologia de História Oral como a busca pelo entendimento da percepção do indivíduo sobre determinado evento (2013). As memórias acerca da prática do Bets são evidenciadas na geração que vivenciou esse fenômeno. Mas o que será deixado para as outras gerações, sobre o brincar? O Campeonato Mundial de Bets, já teve três edições em 2015, 2016 e 2017, e promete expandir-se pelo Brasil. Trata-se de um evento para família, com pessoas de dentro e fora do país. Pais jogam com filhos, fazem amigos, é um momento de lazer para os que vivenciaram e para os que vão vivenciar. A ideia do surgimento de um evento Mundial em 2012, com uma postagem no Facebook, através de um banner de uma lata de azeite Liza, dois tacos e uma bolinha. Símbolos que denotam uma forma de relembrar a infância, a partir de uma brincadeira entre amigos, uma visão de oportunidade para trazer a nostalgia de um novo evento com um “velho” jogo. Essa é uma maneira de resgatar a memória dos que vivenciaram o Bets em sua ascensão. O Bets era jogado na rua, e o campeonato é uma forma para que a memória não se perca para as futuras gerações.

Referências

ALBERTI, Verena. Manual de História Oral. 3° ed. Rio de Janeiro: FGC editora, 2005.

GSHOW. Campanha da OMO estimula o resgate do brincar livre na vida das crianças. Disponível em: <http://gshow.globo.com/ep/livre- paradescobrir/noticia/2016/04/campanha-da-omo-estimula-o-resgate-do-brincar-livre- na-vida-das-criancas.html>. Acesso em: 10 de julho de 2018.