Resumo

Este projeto de pesquisa explicita a intenção de mapear as comunidades quilombolas do estado de Minas Gerais a partir de suas práticas sociais, buscando como objetivo principal compreender o fazer e a apropriação das experiências culturais dessas comunidades, estabelecendo um diálogo entre suas práticas corporais particulares e as apropriações universais, focando no que emerge da relação entre este tensionamento. O cotidiano dessas comunidades pode revelar-se um universo social riquíssimo a ser explorado a partir do enfoque teórico baseado na aprendizagem situada, proposto por Jean Lave e Etiene Wenger (1991) e na abordagem ecológica da experiência cultural proposta por Tim Ingold (2000). O presente projeto de pesquisa se justifica na medida em que busca contribuir para o diálogo ainda pouco consistente entre o Lazer como perspectiva de olhar, como “lente” que permite compreender os sujeitos, suas identidades, sua visão de mundo e seu posicionar-se neste mundo a partir de suas experiências culturais. Para além dos estudos já produzidos, pode-se, com este enfoque estético, revelar aquilo que emerge das relações dos integrantes dessas populações com zer com a Antropologia pode contribuir para o alargamento das relações entre teorias acadêmicas e nativas com resultados que podem ser reveladores. Será realizado um estudo etnográfico utilizando os recursos do caderno de campo, de entrevistas informais e de oficinas de fotografia. O tornar-se quilombola pode revelar-se como constituinte de uma aprendizagem na prática, influenciada sistematicamente por ações cotidianas nas quais fazer/aprender envolve relações de poder, acordos, negociações e conflitos inerentes a vida social. Possivelmente será neste envolvimento festivo, comunitário e identitário que se constituirá cotidianamente o tornar-se um quilombola suas festas e com o mundo.
 

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