Resumo

Esta tese foi realizada junto ao Programa de Pós-Graduação em Educação da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Estadual Paulista (UNESP - campus de Presidente Prudente) e está vinculada à linha de pesquisa “Práticas e Processos Formativos em Educação”. A presente pesquisa teve como objetivo investigar quais os resultados decorreram da implementação de um processo de ensino e aprendizagem a partir de pressupostos da perspectiva semiótica apoiada nas ideias de Charles S. Peirce, associada a uma visão auto-organizada segundo a teoria de Michel Debrun. Partiu-se da premissa de que as perspectivas e anseios dos estudantes influenciam a mobilização, e nesse sentido, para que haja uma aprendizagem criativa, os estudantes precisam mobilizar-se, pois não havendo mobilização não há ingresso na significação. A pesquisa, caracterizada como pesquisa-ação desenvolvida por um professor que pesquisa a própria prática, guiou-se pelas seguintes questões: Por que razão e para qual fim o estudante mobiliza-se ou não, frente aos conteúdos a ele apresentados? Quais os atratores e ruídos, e quais seus papéis no processo de ensino e aprendizagem? Como retratar o processo de ensino e aprendizagem a partir de pressupostos calcados em uma perspectiva semiótica e auto-organizada? Quais as condutas docentes necessárias à constituição de uma perspectiva semiótica e auto-organizada do processo educacional em Educação Física escolar? A pesquisa foi realizada no primeiro semestre de 2015, e envolveu 91 estudantes de um dos campi do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso do Sul, que frequentaram os cursos técnicos integrados de nível médio, sendo 16 estudantes do 5º período em Eletrotécnica, 40 do 3º período em Informática e 35 do 1º período em Informática. Nesse cenário teórico e metodológico, os resultados do processo investigativo apontaram a incidência de oito elementos na mobilização dos estudantes: i) um trabalho iniciado por problemas oriundos de uma necessidade advinda do próprio contexto escolar; ii) exercícios de “fácil” execução permitiram estimular o estudante a passar do potencial inicial de mobilização para a mobilização, ou pelo menos o envolvimento na aula; iii) a vivência dos conteúdos em duplas proporcionou o compartilhamento de informações entre os estudantes; iv) na prática do Jiu-Jítsu houve o respeito que os praticantes dos esportes individuais partilham entre si, uma característica dos esportes individuais que favorece a mobilização, assim como os miniambientes de aprendizagem; v) ampliações dos conteúdos atenderam necessidades apontadas pelos estudantes ao serem questionados sobre seus gostos e preferências; vi) o professor como primus inter pares permitiu o estabelecimento de acordos, respeitados pelos estudantes quando elaborados em um processo democrático; vii) identificação dos atratores: elementos externos, uso de recursos tecnológicos nas aulas e nas propostas de avaliações, o próprio conteúdo como “novidade” e modificação das atividades a serem aprendidas; e viii) emergência da falibilidade do trabalho docente, fruto das ambiguidades da realidade investigada entre as figuras do professor e do pesquisador. Em conclusão, considera-se que a mobilização (ou ao menos indícios dela) foi identificada na medida em que o estudante busca aprender um conteúdo do qual foi coparticipe em sua escolha, no planejamento e na avaliação do processo de ensino e aprendizagem. E, também, por existirem pontos favoráveis no engajamento dos estudantes ao considerar a mobilização, a interação e os signos como três grandes eixos estruturantes da experiência e possibilitadores do diálogo entre a Educação Física escolar e a vivacidade da cultura corporal de movimento que poderá florescer para além dos muros escolares

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