Resumo

Introdução: O ritmo acelerado de vida dos professores em seu ambiente de trabalho, associado às múltiplas funções desempenhadas, conferem a essa categoria um elevado nível de esforço, sendo considerada uma das profissões com maior vulnerabilidade a problemas de saúde.

Objetivo: Avaliar os motivos de não adesão à prática habitual de atividade física (PHAF) em professores da Educação Básica.

Métodos: Estudo seccional, de abordagem qualitativa, com amostragem por conveniência composta por 193 docentes da cidade de Uberaba-MG. Foi desenvolvido um questionário estruturado para o estudo, constituído por perguntas sobre características sociodemográficas, de saúde e quanto aos motivos da não adesão à PHAF.

Resultados: Todos os professores trabalhavam em duas escolas e ministravam, em média, 34 aulas por semana. O principal motivo para a não adesão à PHAF apontado foi a falta de tempo (78,2%), seguido de cansaço (8,8%), falta de ânimo (4,6%), dinheiro (3,6%), comodismo (2,0%), preguiça (1,5%) e falta de hábito (1,0%).

Conclusão: A falta de tempo e os fatores secundários estão intimamente interligados e podem estar vinculados ao estresse relacionado à atividade docente afetando a motivação em praticar exercícios. Sugere-se que sejam realizados estudos longitudinais para que seja possível inferir causalidade quanto à associação de hábitos e comportamentos ativos dos professores com a falta de aderência à PHAF.

Reasons for non-Adherence to Physical Exercise in Teachers of Basic Education: A Qualitative Sectional Study

Introduction: The school work environment imposes on Brazilian teachers an accelerated pace of life, which combined with the multiple functions performed lead to high levels of effort. Therefore, that profession is considered one of the most vulnerable to health problems.

Objective: To evaluate the reasons for not adhering to the habitual physical activity (HPA) in Basic Education teachers.

Methods: A sectional study, with a qualitative approach, with convenience sampling composed of 193 basic education teachers from the city of Uberaba-MG. A structured questionnaire was developed for the study, consisting of questions about socio-demographic characteristics, health, and reasons for non-adherence to PHAF.

Results: All teachers worked in two schools and taught, on average, 34 classes per week. The main reason for not adhering to the PHAF was lack of time (78.2%), followed by fatigue (8.8%), lack of mood (4.6%), money (3.6%), (2.0%), laziness (1.5%) and lack of habit (1.0%).

Conclusion: Lack of time and secondary factors are closely intertwined and may be linked to stress related to teacher activity affecting motivation in exercising. It is suggested that longitudinal studies be performed in order to infer causality regarding the association of teachers' active habits and behaviors with the lack of adherence to PHAF.

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