Resumo

Este é um estudo transversal, de base escolar, aninhado a um levantamento longitudinal com pré-escolares de 3 a 5 anos de idade, realizado na cidade do Recife (PE). A seleção dos sujeitos foi efetuada mediante amostragem por conglomerados em estágio único. Para disseminação dos resultados, optou-se pela elaboração de dois manuscritos formatados para submissão a periódicos científicos da área. O primeiro manuscrito teve como objetivo analisar a associação entre as características do ambiente físico e social no entorno das escolas de educação infantil e o deslocamento ativo no trajeto de casa para escola em crianças pré- escolares. Para obter informações sobre o deslocamento ativo foi aplicado o questionário ELOS-Pré e para avaliação do ambiente no entorno da escola o Inventário para Avaliação do Ambiente Comunitário - ICAF. Os resultados indicaram que a proporção de crianças que se desloca ativamente no trajeto de casa para escola foi de 28,3% (IC95%: 25,5-31,3). Verificou-se uma associação positiva entre o deslocamento ativo no trajeto de casa para escola com os domínios do transporte público e ambiente social, porém essa associação ocorreu somente entre crianças de famílias que não possuíam carro. Observou-se também que a chance de uma criança ser fisicamente ativa nos deslocamentos aumenta com o escore global da qualidade do entorno da escola. Concluiu-se que escolas com ambientes físico e social mais favoráveis no seu entorno parecem estimular o uso do deslocamento ativo, particularmente entre crianças de famílias que não possuem carro. O segundo manuscrito buscou descrever as características do ambiente físico e social das escolas de educação infantil e analisar a associação dessas características com o nível de prática de atividade física ao ar livre de crianças pré-escolares. As informações referentes à atividade física foram obtidas através do questionário ELOS-Pré e para avaliação do ambiente da escola foi utilizado o Inventário para Avaliação do Ambiente Escolar. Os resultados indicaram que a prevalência de crianças classificadas no quartil inferior do escore expressando o nível de atividade nos dias de semana foi de 24,9% (IC95%: 22,5-27,5). Análises de regressão logística binária permitiram identificar que em escolas de menor porte (≤ 100 crianças matriculadas) nenhum dos fatores ambientais focalizados apresentou associação com o nível de atividade física das crianças em dias de semana. Por outro lado, em escolas de maior porte (>100 crianças), cinco características ambientais foram identificadas como fatores inversamente associados ao nível de atividade física das crianças: oferta de aula de educação física; realização de pelo menos um recreio por dia; atividades físicas orientadas durante o recreio; permissão para que as crianças tragam brinquedos para brincar no recreio; e oferecimento de atividades físicas estruturadas na escola. Conclui-se que os fatores ambientais físicos e sociais no entorno da escola estão diretamente associados ao deslocamento ativo em crianças pré-escolares e que as características ambientais no interior da escola estão inversamente associadas à atividade física das crianças.  
 

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