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Os periódicos científicos brasileiros têm sido colocados nos últimos meses sob novas exigências. Sob a rubrica geral da internacionalização, anunciam-se medidas de indução a um maior número de artigos em língua inglesa, inclusive com metas a serem atingidas em médio prazo, como é o caso do importante indexador e repositório Scielo. O intuito parece ser disseminar o conhecimento produzido no país e ao mesmo tempo atrair a submissão de papers produzidos no exterior.

À demanda por um maior número de artigos em inglês somam-se outras problemáticas que pressionam os periódicos científicos. Entre tantas, destaque-se a vigilância sobre o plágio e o autoplágio, a relação com os revisores, a demora na publicação de artigos em fila, o acúmulo de trabalhos aprovados, a busca de novos e mais importantes indexadores.

A questão dos artigos em inglês oferece, no entanto, desafios mais complexos, já que suas consequências para a produção e disseminação de conhecimento não são desprezíveis. Nesse contexto, uma vez mais é preciso pensar sobre o papel que um periódico deve ter na promoção das pesquisas em uma área de conhecimento. Trata-se de uma questão importante não apenas para a RBCE e outros periódicos nacionais, mas para toda a comunidade da educação física/ciências do esporte. Afinal, a RBCE não é mais do que uma expressão dessa área de conhecimento.

Este primeiro número de 2015 publica 14 trabalhos, entre artigos originais, de revisão e resenha, provenientes do Brasil, de Portugal e da Espanha. Os 12 artigos originais que compõem a presente edição estão organizados em blocos das áreas de “humanidades” e de “ciências da saúde” em educação física/ciências do esporte. O primeiro é composto por trabalhos que focalizam: análises do financiamento da Política Nacional de Esporte e Lazer do governo Lula; discussões sobre a incorporação do esporte na produção teatral de Arthur de Azevedo, importante dramaturgo da modernidade brasileira; a relação entre a prática esportiva e o sucesso escolar de jovens que frequentam o ensino secundário em Madeira, Portugal; a possível associação entre a prática de atividade física no lazer de pais e filhos; uma reflexão sobre a sociedade esportivizada gerida pela lógica empresarial e seus efeitos nos diferentes campos da existência; um estudo descritivo-exploratório que investiga o índice de percepção organizacional dos trabalhadores do Complexo Aquático da Universidade Federal de Santa Catarina em relação à gestão esportiva pública.

O segundo bloco de artigos originais é composto por trabalhos sob os seguintes enfoques: análise estatística da ocorrência de assistências, finalizações e pontos de baliza de gols do Campeonato Brasileiro de 2008; prevalência de uso de recursos ergogênicos em prática de musculação na cidade de João Pessoa, na Paraíba; perfis motivacionais de corredores de rua; influência da glutamina nos efeitos do treinamento resistido no ANP cardíaco em ratos (publicado em inglês); resposta renal à ingestão de maltodextrina e à natação de padrão aeróbio ou anaeróbio de alta intensidade em ratos; e resposta aguda de variáveis clínicas e funcionais em exercício máximo de contração.

Compõem ainda este número da RBCE um artigo de revisão advindo da Espanha, que analisa o conceito de flow e sua evolução epistemológica no âmbito da pesquisa esportiva, e uma resenha provinda de Portugal a respeito da obra Gol de média cancha, publicada em 2011, de autoria de César Torres.

Boa leitura!

Florianópolis/Vitória, janeiro de 2015.

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