Resumo

Este artigo apresenta uma reflexão sobre conceitos trabalhados por diversos autores, relacionando o acolhimento como possibilidade de mudança no processo de trabalho dos profissionais na Estratégia da Saúde da Família (ESF). O objetivo deste trabalho é discutir conceitos relacionados ao acolhimento enquanto potencializador no processo de trabalho na ESF. A metodologia adotada foi realizar uma revisão bibliográfica sobre a compreensão do conceito de acolhimento, elaborada a partir da Política Nacional de Humanização (BRASIL, 2004) em sintonia com os pensamentos de Merhy (1997), Campos (1994), Cecílio (2001), Matumoto (1998). O modelo tecno-assistencial de saúde em Defesa da Vida, desenvolvido em Campinas-SP, nos finais dos anos 80, torna-se o precursor do trabalho com acolhimento. Em 2004, a PNH ampliou a proposta de humanização, como política transversal que atravessa as diferentes ações e instâncias gestoras do SUS, atuando em consenso com a proposta do acolhimento, quando estabelece a organização do trabalho com base em equipes multiprofissionais com atuação transdisciplinar. O acolhimento na ESF vem como possibilidade de reverter essa tendência de modelo ainda médico-centrado e não usuário-centrado (CAMPOS, 2003), como propõe o conceito de acolhimento pela Política Nacional de Humanização (BRASIL, 2006). Conclui-se que o acolhimento tem sido um grande desafio, pois é importante que não fique restrito ao local da recepção da demanda espontânea. Ao contrário, espera-se que seja entendido como próprio a um regime de afeto, algo que qualifica uma relação e é, portanto, passível de ser apreendido e trabalhado em todo e qualquer encontro e não apenas numa condição particular de encontro, que é aquele que se dá na recepção. O acolhimento na porta de entrada só ganha sentindo se o entendermos como uma passagem para o acolhimento nos processos de saúde e de produção de saúde.

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