Resumo

O litoral da cidade de Fortaleza, assim como de várias outras cidades do Brasil, só começa a ser intensamente frequentado nas primeiras décadas do século XX. Os primeiros bangalôs, comércios e clube recreativos na orla surgem apenas na década de 1920 e 1930. Incentivado por contundentes discursos e práticas de cortes higienistas, a população passa não só a admirar o espaço litorâneo, mas a usufruir de seus benefícios, associados a um ideário de vida ao ar livre. Paralelamente, o esporte moderno passa a fazer parte do cotidiano da vida na cidade. Despontam notícias de jornais sobre as mais diversas modalidades esportivas, inclusive a natação. Este trabalho tem como objetivo analisar como se deu o advento da natação no espaço litorâneo de Fortaleza, culminando com o aparecimento de afamadas provas de nado, conhecidas como Prova Heroica. O mar, que nas décadas anteriores, era carregado de mistério e inspirava medo, passa a compor elementos de novas práticas, para além das atividades pesqueiras. Um novo divertimento e uma inédita forma de sociabilidade aportam na cidade, envolvendo não apenas os sportmen, mas todo um público, uma estrutura institucional e uma imprensa. As fontes desta pesquisa são jornais impressos do período (O Nordeste, Opovo, Gazeta de Notícias e Correio do Ceará) e livros de memórias e crônicas de escritores da cidade de Fortaleza. Este trabalho é recorte de uma pesquisa de mestrado, tem como referências teóricas e metodológicas autores da história cultural, em especial Roger Chartier, Michel de Certeau, Jacques Le Goff, Alain Corbin, entre outros, e explora a problemática das relações entre cultura física e vida ao ar livre