Resumo

A busca por um calçado adequado à prática de futsal e que promova conforto ao usuário são circunstâncias que nos levam ao tema central deste estudo: investigar o calçado de futsal em seus parâmetros mecânicos, biomecânicos e perceptivos. O estudo constou de 4 etapas. Foi aplicado um questionário a 206 atletas e foram avaliados três modelos de calçado para prática de futsal em seus aspectos de construção, respostas biomecânicas e percepção. Participaram 10 voluntários, atletas de futsal e foram avaliados: a) massa, resistência e dureza do calçado; b) temperatura de aquecimento do pé (termo-higrômetro digital); c) variação da radiação térmica do calçado (câmera térmica Eletrophyiscs PV320T); d) pressão plantar (palmilhas Pedar Novel System); e) força de reação do solo (plataforma de força AMTI) e f) percepção do usuário (escala visual). O aquecimento do pé e do cabedal foi analisado após corrida em esteira a 10km/h. Para coleta dos parâmetros de pressão plantar e força de reação do solo os voluntários realizaram 10 tentativas válidas dos movimentos de corrida a 15km/h±5% e 5 tentativas para o movimento de passe a 8km/h±5%. Após isso os voluntários avaliaram os calçados testados por uma escala com pontuação de 1 a 10 para conforto e calce. O questionário apontou que o conforto e a flexibilidade são as principais características do calçado na opinião dos atletas. Lesões do tipo calos e bolhas são freqüentes, concentradas no calcanhar e dedos. Verificaram-se diferenças significativas entre os três modelos na massa, dureza e resistência dos calçados à flexão. O incremento de temperatura do pé foi de 4,8°C e a variação de emissão de radiação térmica pelo cabedal de 68,7%, sem diferenças entre os modelos para estas variáveis. Para o movimento de corrida, o gradiente de crescimento da componente vertical foi menor no Modelo A, sendo 16,7% maior para o modelo B e 22,6% maior para o modelo C. Para o movimento de passe o segundo pico de força vertical e a força horizontal mínima foram respectivamente 12,6% e 20,2% maiores nos modelos B e C em relação ao modelo A. Os picos de pressão para o passe foram 25% superiores nos modelos B e C na região do calcanhar, enquanto para o médio pé e hálux foram, respectivamente, 10% e 35% superiores no modelo A. O modelo A obteve pontuação significativamente maior para o conforto, flexibilidade do calçado e sensação de seco em relação aos modelos B e C. O modelo A, percebido como mais confortável, foi também aquele que apresentou as maiores dimensões, maior massa, menor resistência a flexão, menor dureza de solado, menor gradiente de crescimento da componente vertical da força de reação do solo e menores picos de pressão plantar para o calcanhar. Concluí-se que as diferenças nas respostas biomecânicas entre os diferentes modelos foram poucas, assim como as diferenças na confecção dos calçados. Acredita-se que tais resultados possam fornecer informações pertinentes ao calçado de futsal e subsídios às empresas calçadistas para melhoria na confecção do calçado esportivo

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