Resumo

A prática do caving, como atividade sob a ótica do lazer, realizada em ambiente de caverna, abriu possibilidades para o seu entendimento. Tal prática contribui para uma visão mais abrangente de atividade física de aventura na natureza em ambientes de caverna. Este estudo permitiu dialogar com espeleólogos e agentes ambientais, compreender por meio do cotidiano das práticas espeleológicas, as inter-relações entre eles mesmos e o ambiente de caverna. Tem como intuito também trazer novas contribuições para o estudo das relações socioambientais e atividade de lazer em cavernas, com um olhar cuidadoso, que possa vir a ter significados importantes e reveladores na relação com o ambiente cavernícola e o seu entorno. O estudo teve como objetivo investigar se o caving é percebido como atividade física de aventura e de lazer pelos seus praticantes. Trata-se de uma pesquisa de abordagem qualitativa, desenvolvida junto ao Espeleogrupo Peter Lund e a Associação de Agentes Ambientais do Vale do Peruaçu com 30 indivíduos. Os dados foram coletados por meio de entrevistas semiestruturadas, processados no IRAMUTEQ e a análise de similitude feita. Os resultados foram comentados a partir da abordagem estrutural de seis eixos, e posteriormente, apresentar-se-á a análise do corpus das entrevistas, com base na analise da similitude. Os resultados analisados foram estruturados com base nas entrevistas. O primeiro eixo foi relativo aos significados atribuídos ao lazer durante a prática do caving. O segundo eixo referiu-se à compreensão do caving enquanto atividade física ou esporte. O terceiro eixo tratou da relação do corpo com a natureza e com outros corpos na prática do Caving. O quarto eixo referiu-se às práticas espeleológicas que configuram-se como potencialidades para o aprendizado da educação ambiental. O quinto eixo abordou como o praticante do caving relaciona com a natureza. O sexto eixo abordou se práticas espeleológicas intervêm diretamente no bem-estar de seus praticantes na relação ser humano e natureza. Os resultados encontrados mostraram que o caving promove o bem-estar de seus praticantes na relação ser humano e natureza. Revelou uma relação mediada pela presença de elementos naturais. Dadas as características peculiares do ambiente cavernícola, mostrou-se a natureza como uma importante parceira na promoção do bem-estar físico e mental, percebidos por meio dos sentidos corporais e da introspecção com a caverna. Ficou evidente que o caving é uma atividade que restaura a saúde, o bem-estar, o conhecimento e a relação do corpo com a natureza. Concluiu-se que o caving é uma atividade física de aventura multidisciplinar, que tem o homem como relação maior de valorização e preservação do ambiente cavernícola. O caving, enquanto atividade física é uma atividade prazerosa de lazer, que promove um diálogo com as energias existentes no ambiente cavernícola. O caving é muito mais do que espeleologia como prática esportiva ou pesquisa, o caving estabelece relações sociais, trocas de experiências espirituais e religiosas.

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