O conhecimento do(a) estudante-treinador(a) no contexto de um projeto de formação esportiva no futsal

Parte de Estudos e pesquisas sobre futebol/futsal: da consciência filosófica à prática consciente . páginas 245 - 279

Resumo

A primeira vez que me inclinei para “ser treinador” tinha 12 anos de idade. Eu treinava futsal em uma equipe mirim e admirava o treinador. Fui treinado por ele por três anos, e isso repercutiu nas próximas quatro décadas da minha existência. Aprendi muito em pouco tempo. E o que ele me ensinava,eu queria ensinar para as outras crianças da minha rua. Para materializar isso, treinava-as em frente à minha casa, com as bolas que tivéssemos. Como treinar implica em competir, organizei um torneio com times do bairro e joguei como goleiro. Na verdade, queria ser o treinador, mas virei um “goleirotreinador”, pois assim poderia ver todos os meus jogadores ao mesmo tempo e, na minha fantasia, defenderia todas as bolas desferidas contra o nosso gol. Nosso uniforme foi o da escola em que a minha mãe, Wilminha, trabalhava. O fato é que ela era professora de educação física e, por algum tempo, treinadora. Tratava-se de uma camiseta azul-marinho com duas listras na manga e a inscrição J.S. (de João Sampaio) no peito. Além do uniforme, e para premiar a molecada, peguei da Wilminha (sem lhe falar) parte dos seus troféus e medalhas, conquistados numa longa e respeitável carreira como jogadora de basquetebol. Quando soube, ela não reclamou por tê-los “perdido” para as crianças da minha rua.