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A Comissão Nacional de Atletas foi incubada em um momento quando atletas olímpicos insatisfeitos com os desmandos do esporte brasileiro, buscaram representatividade num momento quando o Secretário Nacional de Esporte era um medalhista olímpico. O ano era 1992, o momento os Jogos Olímpicos de Barcelona. O Secretário era o medalhista do Vôlei Bernard Rajzman.

O movimento não prosperou, mas atletas consagrados passaram a se movimentar em busca de uma voz representativa. 

Em 2000 após os Jogos de Sidney, atletas solicitaram audiência com o então Presidente FHC, e reivindicaram uma Lei de Incentivo do Esporte em cerimônia no Palácio do Planalto.

O Presidente incumbiu o então Ministro do Esporte e Turismo Carlos Melles de criar uma Comissão Nacional de Atletas (CNA). Foi criada de imediato e sendo eleito, o maior expoente do esporte olímpico até então, o primeiro bicampeão olímpico Adhemar Ferreira da Silva.

Atletas ganharam voz e o movimento propiciou ao Ministro Melles nomear Lars Grael como Secretário Nacional dos Esportes (2001/2002).

A CNA passou a ter assento no recém resgatado Conselho Nacional do Esporte – CNE.

        Na CNA foram concebidas algumas causas bem sucedidas como a Lei do Bolsa-Atleta e a Lei de Importação de Material Olímpico e Paralímpico sem similar técnico nacional.  Sua principal bandeira e causa de luta, foi a Lei de Incentivo do Esporte aprovada na gestão da Ministro Orlando Silva anos depois.

        Após este momento, provavelmente gerado por interesses alheios aos atletas, a CNA foi adormecida.

        A CNA teve como presidentes, desde sua criação, em Dezembro de 2000:

Adhemar Ferreira da Silva          - Atletismo         (2001)
Bernard Rajzman                        -  Voleibol          (2001 e 2002)
Lars Grael                                    -  Vela               (2003 a 2005)
Cyro Delgado                               - Natação          (2005 a 2007)
Inativa                                                                    (2007 a 2015)
Lars Grael                                     - Vela                (2015 a 2017)
Zico                                               - Futebol           (2017)

Obs.: Os integrantes da CNA não fazem jus a nenhum tipo de remuneração.

        No vazio da ação da CNA, o CPB e COB criaram suas respectivas comissões de atletas, mesmo que nada independentes. Em 2008, outro grupo liderado pelo medalhista olímpico e campeão mundial de Futebol Raí, criou uma ONG denominada “Atletas pela Cidadania”. Após defenderem lutas em favor da sociedade, o grupo dedicou sua energia a mudar a forma de governança do esporte, e mudou sua denominação para “Atletas pelo Brasil”.

        A Atletas pelo Brasil, que também foi presidida pela medalhista olímpica de Vôlei Ana Moser, teve papel determinante na mudança da Lei do Esporte 9.615 (Lei Pelé) através da introdução dos artigos 18 e 18-A que tiveram como maiores conquistas, a definição de mandatos dos dirigentes de entidades de administração do desporto em 4 anos, e com uma única recondução. Outra conquista foi garantia da representação dos atletas nos órgãos de colegiados e diretivos destas entidades.

        A Atletas pelo Brasil hoje dedica-se prioritariamente a disseminar um pacto empresarial denominado “Pacto pelo Esporte” que une empresas que passam a condicionar investimentos nas entidades esportivas que se comprometem a modernizar sua estrutura de governança e garantir conformidade com novas normas éticas e gestão, incluindo a participação dos atletas escolhidos pelos próprios democraticamente.

        Neste esforço, o grupo de atletas é apoiado pelo movimento empresarial LIDE; Instituto Ethos; Mattos Filho Advogados e a Ernest & Young.

        Num momento de legitimar sua escolha para conduzir o Ministério do Esporte, o Deputado Federal George Hilton resgatou, no início de 2015, as atividades do CNE, e, recriou a CNA confiando ao velejador Lars Grael, sua imediata condução.

        Recentemente a CNA propôs  a aprovou, no Conselho Nacional do Esporte, a criação da Defensoria do Atleta no âmbito da Agência Brasileira de Controle a Dopagem – ABCD. A matéria ainda aguarda implantação no âmbito do Ministério do Esporte e a ABCD.

        Reflexo de todo este movimento, várias confederações criaram dispositivos de eleições de comissões de atletas e a garantia da representação dos mesmos, em assembleias deliberativas. Na vanguarda do processo, a Confederação Brasileira de Vela – CBVela alterou seu estatuto e estabeleceu eleições diretas apenas entre atletas, para eleger a futura presidência e diretoria da entidade.

        Com a posse do atual Ministro Leonardo Piccianni, a CNA foi dinamizada e seus integrantes passaram a ser indicados por algumas entidades do CNE.

        A CNA possui atualmente 21 integrantes, indicados pelo Ministério do Esporte; Comitê Olímpico do Brasil - COB; Comitê Paralímpico Brasileiro - CPB; Comitê Brasileiro de Clubes - CBC; Autoridade Pública de Governança do Futebol – APFUT; Organização Nacional das Entidades Esportivas – ONED e da organização “Atletas pelo Brasil”.

        Neste mês de junho, o Ministro Picianni convocou a nova composição da CNA que elegeu nova diretoria. Após manifestação de todos os integrantes, foi eleita a seguinte diretoria para o período de Junho 2017 a Maio de 2019:

Presidente: Arthur (Zico) Coimbra (Futebol)  - Representante da APFUT  -  Ex Secretário Nacional dos Esportes

Vice-Presidente:    Lars Grael (Vela)   - Representante da CBC - Ex Secretário Nacional dos Esportes

Secretária: Leila Gomes de Barros (Vôlei)      - Representante do M.E.         - Secretária de Esportes do Distrito Federal

Houve um avanço significativo, mas resta muito a avançar.

Lars Grael