Resumo

Este trabalho tem por objetivo analisar a percepção de corpo dos professores atuantes no Ensino Fundamental I em Escolas de Tempo Integral do município de Franca/SP. É uma pesquisa classificada como qualitativa, de cunho exploratório e descritivo, tendo por base a abordagem fenomenológica para a interpretação do fenômeno educacional. Foram sujeitos desta pesquisa 10 professoras do 2º ano do Ensino Fundamental, de escolas estaduais de Tempo Integral. As perguntas geradoras foram: “O que é corpo para você?”, “Como você trabalha o corpo do aluno?” e “O trabalho com o corpo do aluno na Escola de Tempo Integral deve ser diferente do trabalho na Escola de Tempo Parcial? Sim? Não? Por que?” Os dados foram analisados utilizando a Técnica de Elaboração e Análise de Unidades de Significado (MOREIRA, SIMÕES, PORTO, 2005). Completam este estudo, análises categóricas feitas nos projetos políticos-pedagógicos de cada unidade escolar participante. A concepção de corpo enquanto “movimento/vida” destacou-se ligeiramente sobre as demais apontando 30% ou 3 professoras, seguida por “Instrumento/Sistema”, “Físico” e “Conjunto de Órgãos” ambas com 2 professoras (20%) cada e por fim com apenas uma menção (10%) temos, “Abrigo da Alma”, “Saúde” e “Unidade”. Para o trabalho com o corpo do aluno, temos 7 da professoras (70%) apenas preocupadas com o intelecto, excluindo o corpo do processo de ensinoaprendizagem, 3 (30%) trabalhando com “Movimento/Coordenação” e/ou “Percepção de si e do espaço”, outras duas (20%) com “Música/Relaxamento”, além destas foram detectadas outras 4 unidades (“Atividades Lúdicas”, “Com Respeito”, “Higiene Corporal” e “É dever do Professor de EF”) que representam 10% ou uma professora para cada. Para as diferenças no trabalho com o corpo do aluno no tempo integral e no tempo parcial, 60% (6) julgaram serem necessárias, justificando-se em 40% (4) dos casos pelo aumento da carga horária escolar. Outros 40% (4) não julgam serem necessárias diferenças no trabalho, afirmando dever ser igual em 20% (2) dos casos. Quanto aos projetos políticos-pedagógicos, em nenhum foram encontradas menções ao corpo/corporeidade, sua concepção ou trato. Com os dados analisados, identificamos o corpo predominantemente em uma visão utilitarista, sendo esse fragmentado e visto como partes operantes, as quais trabalham em função de algo ou alguém. A supremacia da mente sobre o corpo está presente na prática profissional das professoras, atentando-se apenas ao trato da cabeça em suas salas de aula, deixando o corpo sob responsabilidade do profissional da quadra, o professor de Educação Física.

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