Resumo

A temática do corpo permeia os discursos da Educação Física, os quais primam pelo viés das ciências biológicas, que o sedimenta para estudar o seu funcionamento. Em contrapartida, outro olhar nos é apresentado ao tratá-lo como corpo existencial, presente na Fenomenologia do filósofo francês Merleau-Ponty. No intuito de ampliar essas reflexões, passamos a descortinar a filosofia hedonista de Michel Onfray, indagando sobre a configuração do corpo retratado em seus escritos, a partir de críticas tecidas à moral cristã que permeia a tradição filosófica. Ela persegue fortemente a carne e os corpos, os espíritos e os entusiasmos para arrancar da matéria as energias que revelam a vida (Onfray, 2010). Entram em cena os valores do ideal ascético e do ideal hedonista. Este valoriza os prazeres momentâneos, a vertigem, as alegrias, os perfumes, os desejos, o agradável; afinal, potências do corpo libertino. Aquele é o ideal do bom cristão que coloca Deus acima das suas vontades, que crer no além da vida, que nega as paixões da carne; desse modo, configurando o corpo glorioso. Nesse sentido, o dado estudo tem a intenção de refletir sobre o corpo na filosofia de Michel Onfray, assim como, impulsionar novos olhares para o conhecimento de que trata a Educação Física. Como metodologia, utilizamos a hermenêutica, proposta por Paul Ricoeur (1976), que a define como um método utilizado na interpretação de textos. Para compor nossas buscas, catalogamos os livros de Onfray publicados no Brasil. Para auxiliar nossas interpretações, convocamos Mata (2007) que é tido como um intérprete brasileiro original do referido filósofo. Além disso, recorremos a filmes para ilustrar a temática abordada. A seleção se deu em decorrência da possível relação com os conceitos abordados na pesquisa – Corpo Glorioso e Corpo libertino – e como oportunidade de visualizar o momento histórico que marca os ideais referidos acima. Como estratégia didática, o texto está dividido em três capítulos: o primeiro é destinado à contextualização do pensamento do filósofo Michel Onfray; o segundo aborda o Corpo Glorioso contemplado pelo ideal ascético; e o terceiro, o Corpo Libertino promovido pelo ideal hedonista. Nas considerações finais, tentaremos responder as questões de estudo e evidenciar novas perspectivas para o universo da pesquisa.

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