Resumo

efende-se que a arquitetura desenvolvida para instituições com mercados de alcance global é caracterizável pela produção de edifícios gadget: exemplares com notável diferenciação nos aspectos formais de suas superfícies externas visíveis – constituindo-se em eficientes imagens simbólicas para sua identificação com valores culturais particularizados – mas que, também, paradoxalmente, e ao mesmo tempo, reproduzem modelos de estruturas espaciais genéricas, elaboradas independentemente do habitus local pré-existente. A identificação de tal fenômeno emerge de um estudo que tem por objetivo compreender como se dá a relação entre função, espaço e forma na arquitetura contemporânea, e é desenvolvida por meio da análise tipológica das propriedades socioespaciais e formais dos estádios de futebol concebidos para competições internacionais oficias da FIFA – especificamente, os doze projetos para a Copa do Mundo de 2014, no Brasil. Tal análise demonstra como aspectos ligados ao uso e à expressão formal e plástica da arquitetura são instrumentalizados pelas instituições e empresas interessadas em viabilizar e potencializar a publicidade e a venda de variados produtos ligados ao mercado global do esporte – ao passo que, deliberadamente, associam a instalação de um novo exemplar de gadget a um pretenso ganho de status para os clubes e os grupos sociais locais. Todavia, essa tendência leva ao constante risco de se constituírem edifícios tão efemeramente desejáveis e tão rapidamente depreciáveis quanto aconteceria com qualquer aparelho eletrônico da indústria de consumo mundial.

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