Resumo

Esta pesquisa busca investigar como ocorre a construção das noções de espaço e de tempo na dança em um grupo de doze crianças de cinco a oito anos. Além disso, o trabalho observa ainda a possível relevância das experiências musicais destas crianças nas construções espaciais e temporais na dança. Para aprofundar este problema de pesquisa optou-se pela epistemologia genética de Jean Piaget como principal referencial teórico. Desta forma, o método clínico e o método dialéticodidático, trataram-se dos procedimentos metodológicos mais adequados às finalidades deste estudo. O espaço e o tempo foram pensados de forma que a criança pudesse estabelecer experiências relacionadas ao movimento corporal. Mesmo sendo o movimento de dança uma forma de representação do conhecimento diferente das apresentadas por Piaget sobre a construção das noções de espaço e de tempo, em linhas gerais, as respostas das crianças às atividades propostas neste estudo demonstraram características similares às apontadas por Piaget. Quanto mais elementos do espaço a criança se utilizar, mais ricas serão suas movimentações. Mas para que estes elementos enriqueçam o vocabulário gestual da criança serão necessárias proposições que colaborem para uma ampliação tanto da imagem corporal, quanto dos elementos do espaço na dança, pois ambos constituem-se concomitantemente. Assim como a noção do espaço, as respostas das crianças pesquisadas foram semelhantes às etapas de construção encontradas por Piaget sobre a noção do tempo. O tempo na dança, também, inicia por um tempo perceptivo indiferenciado dos aspectos espaciais, passando por um início de diferenciação intuitiva até chegar às coordenações de um tempo operatório. O tempo na dança trata da coordenação simultânea entre a duração dos movimentos e o estímulo sonoro, executando-os de acordo com uma ordem de movimentos colocada na seqüência em questão. Este conjunto, abordado neste estudo como uma sincronização, sintetiza as ações que envolvem a noção do tempo na dança. O movimento de dança é algo bastante complexo, necessitando da coordenação de diferentes pontos de vista, implicando as noções de espaço e de tempo, ambas em um mesmo movimento. Outra conclusão exposta neste estudo é a relevância das experiências musicais nas construções de conhecimento em dança, tendo sido observada uma curiosa diferença na forma de improvisação das crianças pesquisadas. As meninas do grupo com experiências musicais prévias apresentaram movimentos mais ligados aos aspectos melódicos da música, enquanto as crianças do grupo sem experiências formais em música apoiaram suas movimentações nitidamente mais no ritmo musical. O estudo infere que uma educação musical prévia ou concomitante ao ensino da dança seja relevante para ampliar as possibilidades de construção de conhecimento nesta área, principalmente em relação aos aspectos temporais. Pois o tempo para a dança é sincronização de movimentos a uma música, um pulso ou aos movimentos de outros, necessitando para isso da avaliação de durações, construção de ordens, implicação de simultaneidades, sendo estes aspectos amplamente trabalhados na educação musical.

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