Resumo

A temática o "eu" do "nós" para investigar a construção do trabalho docente coletivo
emerge de uma pesquisa sobre o planejamento de ensino dos professores de
Educação Física realizada em 2001 e 2002 e apresentada como dissertação de
mestrado ao Programa de Pós-Graduação em Ciências do Movimento Humano
(PPGCMH) da Escola de Educação Física da Universidade Federal do Rio Grande
do Sul (ESEF/UFRGS). Na análise dos documentos da Secretaria Municipal de
Educação de Porto Alegre (SMEDPOA) foi possível identificar que o Projeto PolíticoPedagógico nessa Rede de Ensino buscava a construção de trabalhos coletivos e a
interdisciplinaridade como forma de concretizar a proposta dos ciclos de formação,
contudo, na análise das observações, entrevistas, diário de campo, identificamos
aspectos limitantes na concretização do trabalho coletivo proposto. Percebemos
que havia dificuldades de compreensão da Proposta Político-Pedagógica por parte
dos professores participantes. Esse fato mostrou que as inovações em nível de
reestruturações curriculares atingiam a prática educativa desses professores de forma
plena. Dessa forma, procurando avançar a partir de questões do estudo de mestrado,
a investigação que ora apresentamos nos leva a compreender como os professores
de Educação Física se constituem como sujeitos de um "fazer coletivo" e quais são
as possibilidades e os limites com relação a essa construção nas escolas municipais
de Porto Alegre. O referencial teórico sustenta-se no pensamento de Paulo Freire e
alguns dos conceitos de Jürgen Habermas, como emancipação dos sujeitos,
conscientização coletiva, comunicação, diálogo e intersubjetividade. Trata-se de um
estudo etnográfico que procura compreender os significados atribuídos pelos atores
sociais ao seu fazer cotidiano, acrescentando à perspectiva da utilização de
instrumentos de coleta como observação participante, entrevista semi-estruturada,
diálogos, grupos de discussão, diário de campo, análise de documentos, narrativas e
estudo preliminar. A revisão bibliográfica realizada e as conversas com os professores
de Educação Física permitem pensar que a construção do trabalho coletivo nas
escolas considera aspectos da formação pessoal e profissional, da relação entre o
individual e o coletivo e os processos de individualização, da micropolítica das escolas
e, da concepção de autonomia.

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