Resumo

Este trabalho trata do ensino dos gestos técnicos do esporte tanto em sua
dimensão subjetiva quanto em sua dimensão histórico-social. Estabelece-se,
como resultado desta discussão, o contraponto entre a noção de técnica corporal
defendida por Marcel Mauss e do conceito simbólico do gesto proposto por
Esteban Levin. Ao considerar o esporte elemento da cultura corporal e prática
social que expressa e incorpora os elementos da nossa sociedade, discute-se os
elementos presentes em sua manifestação hegemônica - esporte de alto
rendimento. De outra forma, a inserção que está sendo feita, focaliza a dimensão
do sujeito ao considerar que a técnica está atrelada a um corpo que pertence a
um sujeito e, que, portanto, apresenta-se na dimensão do discurso, de onde ela
passa a ser associada. Isto posto, nota-se que o debate inserido alterna entre a
dimensão social do gesto e seus valores simbólicos, um caminho que passa do
signo lingüístico ao significante. Posteriormente são explicitados os elementos
presentes numa pedagogia orientada por estas duas concepções e discutido o
ensino estático (fechado) dos gestos técnicos específicos do esporte. Enquanto
Mauss levanta questionamentos a partir do conhecimento histórico e social
dos gestos técnicos do esporte e defende o seu ensino de forma contextualizada,
possibilitando o acesso e reflexão sobre este elemento do esporte e a importância
do seu conhecimento mediados nas aulas de Educação Física, Levin traz à
baila questionamentos sobre a história de cada sujeito e o modo de como ele
vê e se apropria do mundo que está à sua volta e que não é o mesmo mundo
para qualquer outro. Ou seja, do mesmo modo com que o sujeito se apropria
do mundo, ele se apropria do corpo e, conseqüentemente, do gesto técnico. A
partir de estudos, verifica-se que as principais propostas metodológicas para o
ensino do esporte são fragmentadas de acordo com o ensino de técnicas
específicas. Desta forma tendem a se fecharem em esteriótipos de aprendizagem
de um corpo físico (flexibilidade, força, destreza, resistência, velocidade,
rendimento, eficiência, performance) e um corpo orgânico (saúde), mas não
de um corpo submerso à cultura corporal; um corpo social que pode se expandir
em representações simbólicas e modificar as relações entre o sujeito e a prática
esportiva. Verifica-se, então, que mais do que um corpo instrumento, no ensino
dos esportes, um corpo

Acessar Arquivo